AUXILIEMOS HOWARD GARDNER

Temos vivido alguns acontecimentos no Brasil, que me deixam ora perplexa, ora enojada e/ou ora indignada. Eles são originados por pessoas consideradas muito inteligentes, já que conseguiram chegar a altos postos nos três poderes da República, e todos são apoiadas por gente que se julga igualmente assim.

Em face disso, resolvi pesquisar e sintetizar o que se sabe sobre INTELIGÊNCIA. Encontrei um bom conceito e ora o sintetizo assim: “é um conjunto que engloba as faculdades de conhecer, compreender, raciocinar, pensar e interpretar.”

Neste ponto, aparecem três problemas: os últimos verbos. Muita gente considerada “inteligente”, na verdade, tem a maior dificuldade para raciocinar, para pensar e, consequentemente, para interpretar o que ouve e/ou o que lê.

Ressalto que tal afirmação não significa que parta de alguém muito inteligente. Talvez, apenas, o sujeito pode ter estudado uma disciplina conhecida como CRÍTICA DO CONHECIMENTO, por meio da qual aprende-se sobre tipos de raciocínios, silogismos, falácias e sofismas. Uma vez internalizados esses conhecimentos, facilmente é possível detectar-se quem tem ótica vesga e/ou quem fala e/ou escreve besteiras.

Mas, voltemos à questão e inteligência... Durante muito tempo só eram consideradas inteligentes as pessoas que obtinham altas notas nos testes de QI, mas no final do século XX, após diversos estudos, o psicólogo americano, Howard Gardner, apresentou a Teoria das Inteligências Múltiplas, postulando que a inteligência é algo mais amplo, ou seja, que é um conjunto de, no mínimo, 8 processos mentais diferentes existentes dentro do cérebro.

Ele classificou esses processos mentais, considerando as seguintes facilidades dos sujeitos:

1. Inteligência linguística (consegue expressar-se, facilmente, tanto oralmente quanto por meio da escrita);

2. Inteligência lógico-matemática (facilmente trabalha com a lógica em geral, com operações matemáticas ou com trabalhos científicos);

3. Inteligência espacial (entende e manipula o mundo visual, como imagens em 2D ou 3D);

4. Inteligência motora (facilmente realiza movimentos complexos com o próprio corpo, tem ótima noção de espaço, distância e profundidade dos ambientes);

5. Inteligência Musical (sabe identificar e reproduzir diferentes tipos de padrões sonoros, além de criar músicas ou harmonias inéditas);

6. Inteligência Interpessoal (consegue liderar, a partir do entendimento do ponto de vista e intenções dos outros);

7. Inteligência Intrapessoal (pessoas que sabem observar, analisar e compreender a si próprias); e

8. Inteligência Naturalista (consegue identificar e diferenciar diferentes padrões presentes na natureza)

Creio que podemos ampliar essa lista de Howard Gardner, analisando cinco situações recentes do História do Brasil, à luz do conceito amplo do que seja inteligência, e assinalando (mentalmente) a alternativa que represente os tipos de inteligências dos seus autores e defensores. Vamos lá:

1. aprovação, por unanimidade, de proposta de reajuste de 18% no salário de todos os servidores e magistrados da Justiça. Isso enquanto milhões de brasileiros vivem sem reajustes salariais e outros sobrevivem em pobreza extrema.

a) Inteligência “Não trabalhamos com bons exemplos!” b) Inteligência “Não posso abrir mão do meu caviar!” c) Nada a ver com inteligência: “mau-caratismo, mesmo”.

2. aprovação da PEC da Bondade, beneficiando a população de modo geral, mas que tem duração só até dezembro de 2022.

a) Inteligência “Justo Veríssimo: eu quero que pobre se exploda!” b) Inteligência “Quem tem necessidade aceita tudo e não enxerga nada!” c) Nada a ver com inteligência: “mau-caratismo, mesmo”.

3. previsão de liberação total de 16,1 bilhões de reais para “orçamento secreto”, enquanto se corta 1,6 bilhões de verbas da educação, por exemplo.

a) Inteligência “Venha a nós, vosso reino que se lasque!” b) inteligência “Quanto mais burro, mais fácil de enganar!” c) Nada a ver com inteligência: “mau-caratismo, mesmo”.

4. descumprimento constante do Art. 6º da PGR, que não se ocupa em representar, fiscalizar e agir em defesa dos interesses da UNIÃO.

a) Inteligência “Posso colocar meu nome onde eu quiser, até na lata de lixo da História!” b) Inteligência “Manda que eu faço, meu rei!” c) Nada a ver com inteligência: “mau-caratismo, mesmo”.

5. Instituição de sigilo de 100 anos para uso de cartão corporativo e assuntos espinhosos.

a) Inteligência: “Vão ficar querendo saber!” b) inteligência “Em 100 anos todos saberão” c) Nada a ver com inteligência: “mau-caratismo, mesmo”.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 11/08/2022
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