Outro dia estava indo ao trabalho de ônibus e ao meu lado sentou uma senhora esbelta de olhos cansados, com cabelos pálidos e miúdos que estavam presos por uma fivela cor de rosa, ela aparentava ter mais de 70 anos e carregava o peso de dois séculos nas costas.
O que chamou atenção foi vê-la cauterizar uma ferida que possuía no dedo médio de sua mão esquerda com esmalte transparente, feito isso, finalizou pintando as dez unhas que possuía. Tudo ficou lustroso: as garras e a ferida aberta de cores vermelha e branca. Parecia que o tempo havia tentado lhe golpear e seu corpo recusava recuperação, mas manteve a vaidade.