AS IGREJAS VÃO FECHAR

As igrejas vão fechar, não apenas as igrejas; certamente outros centros religiosos também acabarão fechados, exatamente como dizem certos “líderes religiosos”, nos próximos anos. Uma força imensa cairá sobre essas instituições e elas, mesmo lutando, não resistirão o impacto; os que ainda desejarem, provavelmente terão que se acostumar com uma nova forma de praticar sua ‘religiosidade’. Talvez se tornem ‘instituições clandestinas’, como já ocorreu em outras praças, acossadas por “regimes materialistas”.

No entanto, as razões pelas quais igrejas e outros centros religiosos acabarão fechados por aqui, nada têm a ver com as “razões” alegadas pelos tais “líderes”.

Vejamos: no final da década de 1980, uma colega de trabalho se encontrava triste. Iniciamos uma conversa sobre diversos assuntos e ela acabou explicando as razões de sua tristeza. Ela frequentava um Centro Espírita na zona sul de São Paulo no qual havia ocorrido uma catástrofe: o presidente do centro religiosos era um homem notável, pai de família exemplar, exemplo para seus seguidores além de ‘fiel depositário’ de segredos de vivos e ‘mortos’, um ‘espírito elevado’. Era essa a razão da contrariedade. Aquele ‘ser iluminado’ acabara de ser flagrado em um caso fortuito com uma amante que já durava certo tempo. Os frequentadores do centro religiosos estavam escandalizados e muitos estavam abandonando aquele local de ‘elevo espiritual’ que, por essa razão, corria o risco de acabar fechado.

No meu caso, sou terceira geração de evangélicos. Meus avós maternos e paternos, embora moradores de lugares diferentes, tornaram-se evangélicos na década de 1940. Meus pais, ainda adolescentes, os seguiram e assim, eu e meus irmãos, nascemos frequentando uma portentosa instituição religiosa ‘protestante’. Foi lá que testemunhei alguns casos de “líderes”, tão bem posicionados quanto o presidente do Centro Espírita da minha colega, sendo flagrados no mesmo problema. Recentemente, um deles, que mantinha um caso com a nora, acabou por assassiná-la à beira de uma estrada no interior de São Paulo.

O site ‘fuxico gospel’ disponibiliza inúmeros casos, inclusive em vídeos, de certos “líderes” flagrados em situações inusitadas. Num deles, um ‘famoso’ jogava dólares da sacada de sua casa em Miami para os convidados que foram passar as festas de fim de ano nos arredores de Boca Raton. Em outro, um “pastor” era escorraçado por uma multidão enfurecida após sair os áudios dele cantando uma mulher casada membro de sua paróquia. Outro “líder” é surpreendido por um homem empunhando um megafone durante o serviço religioso, que o acusa de manter um caso extraconjugal.

Lembrei-me de um caso relatado por um tio sobre um certo “líder” que abusava da enteada nos idos de ’50. Me lembro ainda de ter ouvido, há alguns anos, na Voz do Brasil, o caso de certo “pastor” preso por abusar da cunhada adolescente, tendo seu pedido de revogação negado por um Tribunal Superior. Testemunhei o “racha” de uma ‘congregação’ após o pastor afirmar, durante a pregação, que “os negros escravizados eram tão preguiçosos que só trabalhavam à custa de chicote”; os negros saíram e a ‘casa’ esteve pra fechar.

Não são poucas as acusações contra padres, igualmente equivocados quanto à sua vocação, sendo acusados de abusos de toda ordem contra meninos e meninas que os auxiliavam.

Os casos de desvios de dinheiro são poucos, embora existam. Tenho muitas dúvidas se os ‘pregadores midiáticos’ resistiriam uma auditoria independente em suas contas e bens. Creio que encontraríamos outros falsos taumaturgos a imitar um certo “João de Deus”, tão rico em dinheiro quanto pobre em caráter, sendo este, contumaz criminoso respondendo inúmeros processos; inclusive já tendo sua “tenda de milagres” devidamente fechada.

Persiste uma dúvida cruel: que será de nossa filosofia ‘judaico-cristã ocidental hétero-normativa’ no futuro próximo? Esse ‘modus vivendi’ vem nos dominando há mais de 5 séculos e nos legou um passado de escravidão, um presente de exploração e discriminação, que, via de regra, resulta em mortes suspeitas do lado dos discriminados, sempre apoiadas pelos que detêm o poder econômico e político, não raro aliado ao religioso.

As igrejas vão fechar e a culpa não será dos “esquerdopatas-comunistas-abortistas”. A culpa será dos mentirosos que insistem em suas narrativas insustentáveis repetidas à exaustão nos ouvidos dos incautos. Mais dia menos dia estes abrirão os olhos quando virem os tagarelas desembarcando de seus jatinhos e abrindo as bocarras enfeitadas com dentaduras pagas pelo erário, impossibilitados de explicar, sem mentir, como se inseriram nas populações tradicionais “adotando” seus filhos sem o devido processo.

As igrejas, e outros centros religiosos, vão fechar, se seus líderes não adotarem a verdade, a honestidade e a justiça como estilo.