CONVERSA AO PÉ DA CAMA

Pelo retângulo da janela, vovó Helza viu uma enorme borboleta, com asas de bordas pretas, parecia tricô, bem trançadinho, enormes, voava sobre o muro da casa da vizinha. A tal borboleta tirou a paz da vovó, cada um que a visitava ela contava e recontava a história, até esgotar suas lembranças.

Aos noventa e cinco anos lembrando sempre da aurora de sua vida, contando causos extraordinários, pura ficção, às vezes, mas sem cansar, conta e reconta belas histórias. Hoje foi minha vez de ouvir tais anedotas, puxei suas memórias, que destrambelhou a narrá-las.

Porém, o fato interessante foi a visão da grande borboleta, vista através da janela de seu quarto, chegou a ser monstruosa, amarela, mas com enfeites nas asas. Hoje ainda, espera vê-la, mas a chuva pode atrapalhar sua saída.

Todo dia ela sai de sua casa para dar suas voltas, à tardinha retorna ao seu esconderijo. Linda borboleta, companhia para os olhos da vovó, que diz muito sobre sua beleza e bondade e que apareceu durante três dias, sumiu e nunca mais voltou.

HELZA FRANÇA DOS SANTOS