A soma da vida

Acho que uma das poucas certezas da vida adulta é: não há quem não se quebre no caminho.

Ainda que o tempo nos remende, cole e costure, somos, invariavelmente, a soma de inúmeros pedaços e retalhos.

Não há linha que suporte um rasgo, novamente, forçado.

Não há cola que, com outra queda, mantenha unidos os cacos.

É preciso cuidado e delicadeza, nessa lida, pois nossa inteireza é forjada.

Acho, então, que uma das muitas dúvidas da vida adulta é: embora rachados, ainda somos capazes de ser preenchidos?

Em pequenas ou grandes quantidades, sempre vazarão traumas, medos e inseguranças.

Talvez, a grande busca seja, por fim, encontrar quem respeite e, principalmente, valorize a (nossa) história.

Já fomos usados demais.

Mas, certamente, há, em algum lugar, alguém nos enxergará como relíquias (que somos).

Portanto:

Que não nos entreguemos a quem não reconhece nosso valor.

Que consigamos enxergar quem nos dá valor.

E, acima de tudo, que aprendamos, antes de mais nada, a nos dar valor.