SONHO DE UMA TARDE DE VERÃO
SONHO DE UMA TARDE DE VERÃO
Lembro que naquela época o mundo era mais azul, mais ensolarado e mais feliz.
Chope, futebol e calor convidavam o alegre contingente reunido na Praça Conselheiro Maciel, no sul do Brasil, para celebrar a vida. Já no outro lado do globo, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, também conhecido pelas alcunhas de “Imortal Tricolor” e “Tricolor dos Pampas”, enfrentaria o "galáctico" Real Madrid, valendo o título do Mundial de Clubes.
Alguns dirão que os fatos a seguir não aconteceram exatamente da maneira como vou lhes contar agora, por isso, quero deixar um conselho para você, hipotético leitor:
- NÃO ACREDITE EM HOMENS DE POUCA FÉ!
Naquela derradeira tarde, a primeira vibração da torcida gremista foi quando Pedro Geromel apresentou suas credenciais ao craque português Cristiano Ronaldo. Dias antes, torcedores espanhóis entrevistados em programas esportivos, afirmavam não conhecer a equipe gaúcha.
Era uma tarefa quixotesca derrotar os "merengues", que contavam em suas fileiras com o "xerife" Sérgio Ramos, os “brazucas” Marcelo e Casemiro, o meio-campo regido pelos excelentes Kroos e Modric e no ataque, além do "façanhudo" CR7, ainda havia o artilheiro Benzema.
No banco madrilenho, estava o histórico craque francês Zinédine Zidane. Do lado tricolor, despontava o antigo camisa 7 Renato Portaluppi, eterno ocupante do Monte Olimpo gremista.
A partida começou com domínio espanhol, deixando os torcedores tricolores apreensivos. Em um jogo de ataque contra defesa, o Real Madrid apertava o Grêmio, que se aguentava como podia.
Aos 27 minutos da etapa inicial, em um momento de desafogo, o sanguíneo Edílson, em uma cobrança de falta, assustou o goleiro costa-riquenho Navas, com a bola passando pouco acima do travessão.
Já no final da segunda etapa, com o zero a zero ainda persistindo no placar, Ramiro entrou na área madrilenha, preparando-se para fazer um perigoso cruzamento, mas foi atropelado por Sérgio Ramos.
- "É PÊNALTI! É PÊNALTI!!!"- bradaram vozes em uníssono.
O juiz parecia indeciso, mas apontou para a marca da cal.
Luan colocou a bola embaixo do braço, caminhou devagar e, após longos segundos, chutou rasteiro no canto esquerdo.
Navas saltou, tocou a bola com a ponta nos dedos, mas em vão.
Me senti como se fosse levado por uma maré humana. A massa, como um só corpo, avançando no tempo e no espaço.
Enquanto isso, os "cães de guarda" Geromel e Kannemann devem ter beijado a taça. Marcelo Grohe provavelmente ajoelhou no gramado com os dedos erguidos para o céu e Renato deve ter tido a certeza que jogou mais que o já citado Cristiano Ronaldo.
Talvez alguns detalhes escapem, tal qual o ponta ligeiro que passa pelo lateral.
Mas enfim… a vida era boa… e a sorte me sorria.