ESSES ADVÉRBIOS DE LUGAR...

Essa é a história de três irmãos gêmeos. Depois de 40 semanas unidos pelo cordão umbilical, desapontaram os fotógrafos autores daquelas fotos clássicas, comuns em corredores de maternidades e consultórios de pediatras. Foi só subirem os níveis de testosterona, para livrarem-se de estereótipos. Os garotos se desgarraram, como dizia o orgulhoso pai.

Na primeira análise, os parentes entenderam como um gesto de rebeldia. Cada um procurou sua turma. Achavam que era pagar mico andar juntos. Já bastava dar-lhes uniformidade: calça azul-marinho, camisa branca de mangas curtas, gravata preta de teflon e o indefectível Vulcabrás, exigidos pelo colégio.

Ao seu modo, iam levando a vida numa boa. Pelo comportamento diferenciado, não demorou muito para que recebessem apelidos. Isso ocorreu logo após a aula de Português, quando o professor tratou de Advérbios de Lugar.

No recreio, sob uma frondosa paineira, sentados sobre tijolos, desviados de uma construção no pátio, surgiram os Irmãos Alhures, Algures e Nenhures.

Aquele que sempre estava em algum lugar era o Algures.

O outro que preferia pegar o caminho oposto, podendo ser encontrado por aí, era o Alhures.

E o mais recatado, que não gostava de ir a lugar algum, ficou conhecido como Nenhures.

Simples assim.