Nem todo atalho é atalho
Dias desses deparei-me, logo pela manhã, num engarrafamento daqueles. Filas quilométricas e entre buzinações. Logo tive uma alternativa: entrei por uma rua da direita, onde o trânsito parecia calmo e tranquilo. Uma espécie de atalho.
Quando lá eu transitava, de súbito, deparei-me com um caminhão atravessado na rua, de uma calçada a outra. Vixe! Pensei retornar, não havia mais jeito. Pelo retrovisor, avistei outros carros aparentemente furiosos.
Um motociclista passou e nos avisou que o trânsito na via principal, a do engarrafamento onde eu me encontrava, já estava fluindo normalmente. Mas, voltar... Não havia como. Vixe!
Aí, nestas horas, não adianta aflorar o nervosismo com xingamentos, nem esbravejar. O melhor negócio é ouvir uma boa música, ler algo, espreguiçar e relaxar.
Então, veio-me a seguinte reflexão:
Quantos de nós, quiçá a maioria, estamos quase sempre buscando atalhos no trânsito, nos afazeres do cotidiano e na vida!
Quantos detalhes deixamos de observar à beira do caminho! Um velho conhecido que passa; uma cena que pode nos comover e nos inspirar para a vivência de momentos mais poéticos; um aviso, um convite, uma oportunidade...
E assim vamos nos atalhando no tempo, até chegarmos ao ponto de refletirmos como o tempo passa tão apressadamente. Como as horas voam. Antigamente não era assim. O tempo andava mais devagar...
Como nos perdemos nos atalhos da vida! Como corremos das dificuldades, que são desafios da vida! E, por consequência, sentimos a insatisfação de que “deixamos de viver a vida”.
E aqui, caríssimos amigos, fiquemos nós com a reflexão de que “nem todo atalho é atalho”.