O poder do reflexivo

Para uns, mais cedo.

Para outros, mais tarde.

Mas o fato é que, sempre, chegará o dia em que precisaremos conviver, unicamente, com a nossa própria existência.

Nesse dia, a tão comum e romantizada ideia de “morar sozinho” se choca, violentamente, com a obrigatoriedade de lidar, dia a dia, consigo mesmo.

Talvez, esse seja o mais difícil encontro que a vida nos trará.

Incomoda, dói, dilacera, sangra.

É o período em que o pouco (re) conhecido pronome reflexivo SE passa a habitar, de forma definitiva, nosso ser.

Estranhar-se.

Reconhecer-se.

Odiar-se.

Reconstruir-se.

E, apesar e por causa disso tudo, amar-se.

Agora, poucos entenderão esse SEU momento.

Nós já não somos os mesmos.

Nem mesmo nós sabemos quem éramos até então.

Estar um tempo sozinho não é mais uma opção, faz-se necessário.

Cada vez mais, haverá vazios que só a nossa própria companhia conseguirá preencher.

E, embora ninguém possa explicar, exatamente, o significado dessa transformação, é inegável o poder, genuíno e inabalável, desse renascimento.