DIÁRIO DE UMA PANDEMIA (Dia 33; Dia 34; Dia 35)

Dia 33

01 de setembro de 2026

Todos os noticiários de hoje falaram do caos que se está instalando no Brasil, por conta dos decretos de isolamento.

Órgãos públicos e privados, onde circulam muitas pessoas devem fechar as portas ou reduzir o fluxo de pessoas.

Ainda de manhã, passando em frente a uma escola, vi alunos vibrando: vão ficar em casa, sem aulas, por vários dias.

E o interessante é que o ano letivo mal começou.

Essa alegria dos alunos permite uma conclusão que se impõe pela sua evidência: a escola não é um lugar agradável. A evidência disso é que alunos estão felizes por não ter aula!

E não é por causa do mal que a todos pode atacar. Eles não querem ficar na escola pelo mesmo motivo que leva qualquer pessoa a querer sair de um lugar desagradável: pelo fato de não ser agradável!

Quando comentei isso, ao chegar à casa da minha vizinha, em nosso lanche de hoje à noite, ele disse que começava a entender porque eu havia pedido demissão de uma carreira segura naquela universidade no sul do Brasil.

E eu expliquei melhor pra ela: não importa se estamos na escola fundamental ou na pós graduação: de uma lado a instituição escolar não se apresenta nem se faz como um espaço atraente e cativante; do outro lado os alunos já descobriram que a informações não dependem mais da escola. Tudo está na rede.

O perfume e o veneno, oferecidos no mesmo tipo de frasco: A grande rede mundial.

Somente uns poucos são loucos o suficiente para perceber que a função da escola não é mais apenas ensinar; e o professor não é mais um ensinador, mas um diretor de pesquisa. Sua função é direcionar o estudo pessoal.

E se o poder público perceber isso, a escola pode melhorar.

O problema é que para o poder público, o sistema escolar nessa situação caótica é uma estratégia de manutenção. Quanto mais bestificada for a população, mais facilmente manipulável. Outra vez, a situação me faz lembrar o colega K. Jasper: “Massas e funcionários, são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas, tão somente usam de uma consciência de rebanho”.

Os poucos loucos, que ainda aderem espontaneamente à escola, são os atuais estudantes brilhantes, rodeados de alunos medíocres e idiotificados.

Mas todas essas considerações, no momento em que estamos vivendo, não tem muita importância… pois o volume de contaminação está aumentando.

Breve chegaremos ao ponto sem volta.

E, por mais que se fale na urgência e na agilidade dos laboratórios, uma eventual vacina não será eficiente, nem chegará com a urgência necessária.

Eu sei do que estou falando!

Mas isso eu não disse para minha vizinha!

Dia 34

10 de setembro de 2026

Há dias não encontro minha vizinha.

Ficamos bons amigos e quando não a vejo sinto falta de seu bom humor. Só ela pra me lançar um ar de otimismo em relação ao nosso mundo e às pessoas.

Ela se tornou, para mim, uma flor que cresceu num poço de estrume. Sua presença me faz esquecer a merda em que se tornou nosso mundo.

Tem crescido o número de enfermos por conta do vírus que ninguém sabe combater.

Pensando em minha vizinha as vezes penso em ajudar no combate dessa praga. Mas se eu indicasse uma cura alguém poderia desconfiar.

Além disso, minha intenção era atingir o presidente. E ele ainda não foi atingido.

É verdade que o governo e as decisões dos ministérios até parecem “a casa da mão Joana”. Estão parecendo barata no galinheiro. E se eles continuarem assim, batendo cabeça, não demora muito pra alguém perceber que o governo está perdido e aturdido.

Perceberão que o presidente é um marionete na mão do sistema e que, quando um problema se apresenta, ele demonstra ser incapaz de enfrentá-lo. E por isso se torna assim tão agressivo. Sua grosseria, arrogância e agressividade são apenas disfarce e mecanismo de defesa para sua incompetência.

O povo, com a ajuda dos enfermos e da crise no sistema de saúde, ainda vai acordar.

Vai perceber que os heróis só existem “nos gibis”, como diria o velho Raul.

Ele não é um herói, é uma farsa.

Engambelou o povo e o povo se deixou iludir.

A porta do inferno vai se escancarar quando a falta de rumos seguros por parte do governo se evidenciar. Vai se manifestar aquilo que todos já sabem: os órgãos públicos são a expressão do descompromisso dos governantes em relação ao povo.

Em qualquer país, minimamente sério, a saúde pública, a educação e a segurança da população são levados a sério.

Entre nós, entretanto, são minas de onde jorra dinheiro para os bolsos daqueles que deveriam otimizar os serviços.

Em muitos países, por aí, o ensino e a pesquisa são preciosidades.

Aqui o professor e o pesquisador são objeto de zombaria.

Eu me cansei de fazer parte desse jogo.

Cansei de fazer o jogo deles.

Dia 35

11 de setembro de 2026

Realmente o dia de hoje foi de muita diversão.

É que, sem poder circular livremente, por causa do toque de recolher, motivado pelo vírus, eu fico várias horas do meu dia em meu laboratório, testando combinações e experimentando cruzamentos genéticos.

Mas também passo bons momentos me divertindo com as bobagens que as pessoas transmitem e compartilham nas redes sociais.

Como as pessoas podem ser tão tolas, compartilhando sem a menor análise as falas, os textos, os vídeos que circulam livremente? A maioria sem o menor fundamento da ciência nem das religiões sérias...

É compreensível que os milicianos consigam tantos sucessos na divulgação das fake news. As pessoas não pensam.

Aqui se aplica a fala da raposa explicando ao Pequeno Príncipe o comportamento das pessoas: “Os homens compram tudo pronto nas lojas. Como não existem lojas de amigos, as pessoas não têm mais amigos”. E se está tudo pronto, pra que pensar? Pra que analisar as mensagens… é muito mais fácil engolir tudo… e depois vomitar insensatez!

Os milicianos estão tentando fazer o povo acreditar que o vírus maldito, como também anda sendo chamado, foi criado pelos chineses com o objetivo de desestabilizar e dominar o mundo.

São tolos, tanto os milicianos, como o povo que dá crédito ao que eles dizem.

Quem tenda dominar e manipular o mundo, não é o partido comunista chines, mas o capitalismo.

Aliás, já dominou.

Não será um eventual partido comunista ou algum governo de esquerda que vai tomar a casa ou o sítio ou a fazenda… quem está tomando tudo que as pessoas possuem é o sistema econômico do mundo capitalista; são os crediários; são os financiamentos; são os bancos...

Tudo está tão dominado pelo capitalismo que os capitalistas impuseram critérios de pensamento e comportamentos e posturas e atitudes e as pessoas repetem tudo isso sem se dar ao trabalho de analisar o que lhes é apresentado. E aí as pessoas passam a repetir o que ouvem ou assistem ou, por milagre, leem…. Divulgam, mas não pensam, não analisam…

Como as pessoas são manipulados para acreditar e dizer o que manda o sistema, as pessoas repetem o que lhes é apresentado como verdade, mesmo sendo mentiras deslavadas. Mentiras que um mínimo de reflexão desmascara sua inveracidade.

Dessa forma os milicianos andam dizendo que o perigo é o comunismo.

E são espertos ao dizer isso.

Mostram situações absurdas ou descontextualizadas ou de forma anacrônica: e o povo acredita.

E o povo não percebe o real inimigo.

Se o povo parasse para pensar e analisasse os fatos veria que o inimigo está bem mais próximo. O inimigo não são os “terroristas”, mas quem os arma e os forma.

“Terroristas” famosos como Kadaffi, Saddan Hussein, Bin Ladem, antes de serem “inimigos perigosos” e “terroristas assassinos”, eram amiguinhos dos norte-americanos.

Só pra citar um exemplo: O Antraks, que alguns “terroristas” usaram tempos atrás não foi inicialmente desenvolvido pelos laboratórios secretos dos “terroristas”, mas em laboratórios norte-americanos e russos, desde o tempo da guerra fria.

E agora querem nos fazer crer que o vírus do capeta foi desenvolvido pelos chineses comunistas. Só os tolos acreditam nisso e os milicianos, quando alimentam essa mentira.

Na verdade sua origem são os laboratórios militares dos americanos.

Sei disso pois trabalhei no projeto.

E hoje meu produto assusta o mundo.