FILHOS

Maria Clara interrompe seu passeio para admirar a cena, onde a jovem mãe tira a blusa do filho de dois anos, para colocar por baixo uma mais quente, para que a lã lhe proteja do frio que aquela tarde de setembro já começava a fazer sentir.

Esse ato simples e até corriqueiro comoveu Maria Clara, lhe trazendo lembranças de seus filhos, ainda crianças, necessitando de todos os cuidados. Cuidados esses que mais tarde a própria vida viria a suprir. Sente-se nostálgica e questiona- se até que ponto deu o melhor de si na atenção para com os filhos, até que ponto deu a eles o modelo de vida que lhes proporcionasse uma caminhada mais tranquila e próspera.

A mãe segue e o menino começa a chorar fazendo que seja carregado no colo. Maria Clara continua observando e pensando em quantas vezes seus filhos choraram e o simples ato de carrega-los já fazia com que o choro parasse. E nas outras vezes em que o colo ou absolutamente nada cessou o choro. Pensa nessas ocasiões tentando lembrar a atitude que tomou quando pensava serem seus filhos seus apêndices e acreditava que estariam para sempre atrelados a ela.

São tantas as reflexões, como filmes que passam, trazendo uma memória afetiva que o tempo não apagou. Mas o próprio tempo encarrega se de tantas coisas, inclusive de levar os filhos para outros caminhos e para outras pessoas. E da sensação de pertencimento que Maria Clara tinha com relação aos filhos, hoje resta apenas a sensação junto ao ninho vazio.

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 05/09/2022
Reeditado em 07/09/2022
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