Não que tenha pretensões políticas de inserção nas cadeiras reservadas aos representantes do povo, aliás, muito pelo contrário, já quis, mas foi me sentar ao lado dos que usam a balança da justiça para medir suas sentenças, mas o destino (quisera ele saber disso num susto) fez questão de nos separar, numa seleção em que a oratória, bem quista no palácio da justiça, me deu uma rasteira: o que ignoro das leis é bem maior do que domino.

 

Numa era em que o sucesso é passageiro, no campo democrático não é diferente. Exceto, claro, para essa polaridade perniciosa que criou um muro separatista entre o "Pai dos Pobres" e o "Mito". E a esquerda e a direita ficam brincando de "cabo de força", ora ascendem a bandeira vermelha, ora arrastam a bandeira brasileira. Como se uma, anulasse a outra e vice-versa.

 

Numa história bem recente, contada nos livros que ratificam o passado e são norteadores de instrução para os alunos que brigam por uma vaga no ENEM, os políticos, elevados por seus partidos, que à época somavam 27 no Brasil, defendiam suas ideologias e não se submetiam a alianças contraditórias do futuro. Quem assistiu ao filme Capitã Nova do canal Netflix, sabe bem como as práticas do presente interferem no futuro. Não fosse a Nova, o ano de 2025 participaria do fim dos tempos, que seria reflexo de uma intervenção no Polo Norte e causaria danos irrefreáveis à natureza: vazamento de gás metano.

 

Estamos em 2022, há desastres ambientais iminentes, mas o gás que mata é o da corrupção deslavada, das benesses sociais para os magnatas e da ausência de justiça.

 

E, com isso, as instituições democráticas perdem sua força e credibilidade junto aos cidadãos que ganham o pão de cada dia a duras penas.

 

Mas o que temos nos dias que nos separarm do enfrentamento dessa tal democracia nas urnas? A democracia também é uma guerra. Metaforicamente violenta e com lados extremos.

 

Fato é que nos últimos anos, as miscigenações partidárias e as correntes duvidosas, criaram uma espécie de cenário fantasioso para a proclamação da república, enquanto isso, de camarote, assistem os mais favorecidos, seja pelo poder que acumulam ou pelas condições econômicas que os acompanham, vários "Brasis" num único país.

 

A Justiça Elitoral divulgou na última semana o número de candidaturas registradas para a última eleição e pasmem, são 28 mil candidatos pleiteando votos para então nos representar, nas instâncias superiores do poder. Destes, 10.456 perseguem uma cadeira na Câmara Federal, número este nunca visto desde a democratização. Em contrapartida, o eleitorado, ouvido por organizações que divulgam dados sobre os processos, afirmam que 4 a cada 10 brasileiros, afirmam votar apenas pela obrigatoriedade do feito, usando como atributo o voto nulo ou branco. Outros, clamam uma tal terceita via para presidente.

 

Daí vem a pergunta que não quer calar: queremos mesmo uma terceira via? Se me leem cientistas políticos, peço-lhes clemência, a formação não se alinha a minha qualificação, mas é inevitável avaliar o entorno. 

 

Não queremos uma terceira via. E se quiséssemos, estaríamos trabalhando por ela. Se cada cidadão que está desiludido resolvesse votar na terceira via, teríamos na teoria da probabilidade, a possibilidade de um "novo" no segundo turno e movimentaríamos as urnas. Mas não, estamos discutindo se é melhor votar num candidato que foi julgado por crimes contra a máquina ou outro que, não pesando sobre ele, nenhuma condenação iminente, é um retrocesso sócio-cultural do país.

 

A verdade e que poucos tem a coragem de dizer, é que não existe terceira via, todos os sistemas de governo pautados em processos democráticos têm dois grandes partidos que revezam poderes, elegendo, sistematicamente, um e outro, conforme os erros de cada um. É um "toma lá da cá" sem fim.

 

As ideologias partidárias tem embasamentos em esquerda e direita, como ocorre nos Estados Unidos: de uma lado os democratas e do outro, os republicanos.

 

No Brasil temos 32 partidos políticos legalizados no Superior Tribunal Eleitoral, ou seja, 32 organizações que puxam o cabo de força para um lado diferente, anulando os parceiros ou imprimindo o seu poder. Tudo isso alimentado pelo orçamento de campanha. Por isso, assistimos tucanos (que eram inimigos) dançando à luz das estrelas e tantos outros lobos correndo das chuvas.

 

Enfim, por mais doloroso que seja, é salutar que olhemos para essa realidade ambulante e tenhamos coragem de procurar um "local" fixo para instalarmos a nossa democracia, antes que ela, cansada, perca a própria vida...

 

Não é de hoje que vivemos de escambos... Os índios que o digam!

 

E, por falar em terceira via, só se for instalada "Via Luta" porque "Via Voto" sempre seremos "índígenas" nus e solidários, vendo nosso Brasil sendo carregado em "barcos" para o fundo... E, crendo, ingenuamente, que é o progresso que bate à porta.

 

 

 

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 09/09/2022
Reeditado em 10/09/2022
Código do texto: T7602201
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