Olhares

Naquela noite,

Em meio a sorrisos e fumaça

Eu lembrei da última vez que me olharam daquela forma.

Eu tinha então dezoito anos, e não estava na cama do meu quarto. A casa era a dela, e eu tinha ido lá pra me apresentar como namorado. Lá pelas quatro da manhã, aquele olhar me atingiu como uma flecha.

E eu sorria,

com a cara embriagada de sono e tesão.

No meio do caminho, beijava sua boca.

Com toda afobação e inocência que as primeiras vezes costumam ter.

Estudamos juntos, e vivemos bem os dias daquele verão de dois mil e tantos...

Da segunda vez, eu já tinha bem uns 20 anos.

Era uma madrugada fria e ela com os cabelos - ainda pretos - me dizia que jamais iria partir.

Seus olhos castanhos, na minha cama de solteiro, me faziam ver uma realidade que eu queria ter.

Vivemos bem entre os sete anos que partilhamos, porém depois morremos.

E digo que morremos, porque somos pessoas totalmente diferentes hoje em dia.

Tanto eu, quanto ela, seguimos nossos próprios caminhos.

E por tudo que um dia tivemos, nada lhe desejo de mal. Muito axé, inclusive!

E depois de todas as viagens e lugares, eu me topo com mais esse.

Com esses olhos meigos que me fazem tirar aquela armadura toda da rotina e das formalidades.

Aquele olhar que me deixa com cara de besta,

E me faz ser criança de novo.

Que me desarma, e me quebra na emenda.

E que no meio do escuro do quarto,

Só guia a minha boca pra beijar a sua.

E que pelas manhãs,

Tem o beijo com gosto de café.

Marcos Tinguah Vinicius
Enviado por Marcos Tinguah Vinicius em 11/09/2022
Código do texto: T7603526
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