Aqueles textos

Não sou chegada aos textos que falam de amor. Principalmente aos títulos que são dados a eles. Todos se referem praticamente à mesma coisa: o grande amor se foi ou o grande amor chegou ou o grande amor não é correspondido ou ama-se demasiadamente o grande amor. E os títulos: para meu grande amor, ainda te amo, volta e coisas do tipo.

Não sou tão radical. Leio Vinicius. E sempre quando acabo espero que eu olhe para o lado e me apaixone perdidamente. Assim não perderei aquele momento único que ganho ao ler alguma poesia sua.

Vinicius a parte, os textos de amor, realmente, não costumam me agradar. Sou muito fácil em relação ao amor e sei que essa praticidade atrapalha bastante, mas acho que a fórmula existe e é simples: seja sincero e ame de verdade. Tudo dará certo. Por isso, esses textos me fazem não lê-los mais. Até tento, mas não consigo passar da décima linha, normalmente.

Sinto que sou enrolada e não me é acrescentado nada. Não acho bonito. A cada linha vou lendo pensamentos que não são compatíveis com o meu ou fico sabendo de situações que não me cabem. Na maioria das vezes esses escritos são feitos apenas como desabafos de brigas, reconciliações, início de romance. Tudo muito pessoal.

Os textos que falam da vida e de como e quando o amor passa por ela, esses sim me roubam olhares. O amor fica diferente. Não é mais íntimo e o texto faz sentido a quem o lê.

Por apresentarem naturalidade, eu fico envolvida. E, como nos textos de Vinicius, desejo me ver ou até me vejo nas situações que acabo de ler. São desses textos de amor que gosto. Não possuem aqueles títulos previsíveis e são fatos da vida de qualquer um.

E aí sim. Cada um que vá vivê-los com os seus detalhes que não interessam a ninguém, mas que fazem a gente escrever muito, naturalmente.