O assentador de tijolos e o de palavras

Uma outra história que me comoveu, me fez refletir na minha vida e na minha própria carreira literária, veio de um amigo de um grupo de WhatsApp “Amigos da Escrita” que comentou sobre meu trabalho literário, se referindo ao "Eu Lírico" como um poço de inspiração e que meus escritos vão além de técnica, estudo e etc. Ainda esse leitor comentou sobre um amigo pedreiro de 55 anos de idade, que tem hábito de ler e que havia lido quase tudo da minha rede social e concluiu que: “esse seu amigo escreve igual ao meu assentar de tijolos, sem melhor comparação”.

Essa comparação de assentar tijolos com a construção semântica, do texto e das palavras me chamou atenção, pois, a construção civil exige conhecimento e habilidade, como na arte. E de tijolo a tijolo vai firmando o alicerce e depois levantando a construção, até finalizar o trabalho. É dessa maneira que buscamos subir na vida: degrau a degrau ou tijolo a tijolo.

Quanto ao poço de inspiração, devo a espiritualidade, a qual, de alguma forma, me permite ser o porta-voz das mensagens enviadas pelo além. É um privilégio para um mortal pecador ser o portador e poder propagar amor, esperança, paz às pessoas que tanto necessitam. Apenas uma palavra que possa aliviar o sofrimento é suficiente para que poeta se realize.

O poeta em sua sensibilidade, flui seu dom e se deixa levar pelo flutuar como a uma pluma no ar. É um momento de oração, de entrega, se desintegra do mundo material e habita em preciosos segundos. Um mundo desconhecido, onde o amor prevalece e a paz é uma sumidade. É um momento que toca a alma, revitaliza o coração e nos fortalece.

Ah, quem dera tivesse a fineza de um assentador de tijolos e pudesse ser o mestre de obras e construir um amor perfeito, um castelo de sonhos, um mar de brisas, um olhar estrelar, um sorriso de um luar e uma beleza de flores encantadas! Ah, mas pensando bem, de nada adiantaria ter tudo isso, não tivesse os seus encantamentos, o seu amor, meu alicerce. Não haveria a graça, sem sua doçura e ternura, e esse tudo, se transformaria num vazio, talvez um poço sem inspiração.

Nem que dure um ano, uma década, um século, mas quero, sinto, busco um amor de verdade, fora de época, brega, cafona, singelo, nada importa, desde que seja verdadeiro. Mas que não gere tamanha dor e nem um oceano de lágrimas, nem solidão melancólica e nem saudade, que toda vez me faz lembrar e sofrer intensamente.

Ah quem dera fosse o “jão de barro”, que constrói sua casa nos galhos da planta, e todas as vezes sai na porta de seu lar, acreditando que, em qualquer momento, a amada vai entrar imponente balançando suas asas de felicidade. Seu desejo pode ser visto no seu semblante que, mesmo distante, não desiste. Essa obra permanece intacta e nada vai destruir.

Seja você o poeta que arquiteta sua casa, seu lar, seu amor, sua vida, seu coração, sua alma, e assenta cada tijolo como se fosse a sua maior obra. Nem a tempestade, nem a forte ventania, nada vai destruir, o que o Universo preparou para você. Planeje sua obra sobre a água, sobre a terra, sobre o ar, e coloque seu coração em cada detalhe dessa obra. Quando terminar, verá que nada, absolutamente nada, terá o poder de abalar sua estrutura. Quando, então, se conclui a maior das obras: o amor eterno, mais fiel, companheiro, amigo e verdadeiro.

Edimilson Eufrásio
Enviado por Edimilson Eufrásio em 17/09/2022
Código do texto: T7607882
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