Toda a noite é mesma coisa. O padre não ficaria feliz com a minha confissão. Também pudera, não sou santinha e apesar de fazer um charme, estou adorando essas visitas na madrugada.

 

Antes era somente a solidão e eu com as batidas premeditadas de um relógio cuco. Agora não!

 

Comecei com uns tapinhas, bem leves. Era só virar pro lado que ele começava a me provocar. Queria me vencer pelo ouvido.

 

Algumas vezes era tão irresistível que levantava logo e pegava a raqueta e fogo no parquinho. Porque não sou obrigada!

 

As reações eram um pouco confusas, não estava acostumada com aquela pressão diária.

 

Aquela frequência com que nos encontrávamos deixava marcas no meu corpo. Os curiosos de plantão já vinham com especulações. Povo gosta de fofoca. Vida alheia interessa mais que a própria vida.

 

Fato é que, como todo relacionamento impulsivo, veio a consequência: Dengue.

 

Resultado: estou de cama, literalmente. Dores e erupções pelo corpo e um ódio inexplicável por esses insetos desastrosos.

 

Valeu, aedes aegypti! Nunca imaginei que tolerá-lo, afinal a cadeia alimentar é exigente, traria esse contratempo.

 

Se conselho fosse bom, era vendido, mas tomem: "Não se entreguem às paixões: melhor uma insônia de solidão que contentar-se com qualquer companhia."

 

A noite é longa, mas o dia vem... Matem os pernilongos! 

 

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 17/09/2022
Reeditado em 17/09/2022
Código do texto: T7607984
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