SÓ TEM ARTISTAS

SÓ TEM ARTISTAS

Falava-se pelos corredores, bares, oficinas, barbearias etc. que os ‘americanos’ não faziam filmes com histórias brasileiras, nem filmavam aqui porque no -” BRASIL SÓ TEM ARTISTAS” numa alusão de que atores brasileiros não queriam fazer papeis de vilões, ou melhor, todos queriam ser os mocinhos na história.

Durante um certo período no final do séc. XX acreditava-se nesta heresia, no qual ser artista, popularmente falando, tinha um significado que beirava ao heroísmo. Artista, não sei em qual cartilha, tinha o queixo quadrado, era branco ou parecido, o mocinho heroico, bravo e com topete de canastrão -- Raro um careca, também canastrão (ver Yull Briner) era alçado à” herói” protagonista de um filme. Latinos, negros e índios eram os eternos coadjuvantes, quando não engraçados e ou subalternos. A mocinha, a namorada do “artista”, normalmente era loira.

O olhar que tínhamos sobre os atores, passava por cima das convicções. Torcíamos por piratas, bandoleiros, bandeirantes cruéis, matadores indiscriminados de índios ou populações inteiras e chorávamos quando “Gungadim” salvava os ingleses que oprimiam seu povo de um massacre pela independência. Ia-se aos cinemas para torcer.

Costumava-se dizer que o público ao ver um espetáculo, busca no sentir, o “momento do gol” ou simplesmente “o público quer ver cristão sendo sacrificado na arena”.

Artistas são figuras exóticas. Lembro-me de comentários sobre filmes em que diziam “—não gosto de tal artista... Ele sempre morre no fim do filme”

Artista era quem trabalhava em fitas como mocinhos astutos, sagazes bonitos. O fato é que se imitava os heróis. No beber refrigerantes, no fumar, no vestir-se, nas músicas, no carro, na forma de viver, de maneira que muitas pessoas seguiam o padrão heroico americano, os “arrochados”, no jeito de andar etc. As garotas debutavam, sonhavam com concursos de beleza, galãs de tv, de fotonovelas e do cinema.

Daí que o jargão SÓ TEM ARTISTAS passou a estar presente na linguagem popular, quando se refere a canastrões espertos que querem levar vantagem em tudo.

E existe muitos por aí. Todos os dias sai um desses “artistas” para o exercício da malandragem, em busca de otários de ocasião e fazê-los seus coadjuvantes.

Fábulas fantasiosas do populacho são por assim dizer verdadeiros axiomas não muito críveis... Ainda sobre o ser artista.

– Que nada, ele é artista, não é gay não.

– Você é gay por que quer fazer arte, ou faz arte porque é gay?

Daí que o

Outro discurso que se efetiva é o fato de que os artistas envelhecem nos seus afazeres. A grande maioria de artistas não trabalham para um patrão específico, e geralmente aposentam-se noutra profissão.

Isto quer dizer que ARTISTAS NÃO SE APOSENTAM?

Pelo fato de haver muitas categorias de artes e de artistas, estes precisam sobreviver na bem-merecida velhice E, é claro que sim. Artistas se aposentam.

Hoje com a tecnologia sofisticada do mundo moderno, a internet e outros, agora sim, podemos dizer que “SÓ TEM ARTISTAS...” todo mundo que faz alguma coisa quer mostrar ao mundo, sem se importar com a qualidade da arte que vem fazendo. A verdade é que todos querem levar vantagem, ganhar muito dinheiro e movimentar o público mesmo mentindo pra si e para todos nas Redes digitais em detrimento aos que fazem um trabalho sério. Por isto, religiosos, políticos médicos e quase toda e qualquer profissão se exibem ou dão cursos (coaching) sobre temas variados.

Novas procederes nos apresentam levas de atividades artísticas e novos profissionais tem surgido com nomes outros, tipo, “arte net”, arte virtual, influencer digitais etc.

Novos atores, apresentadores, dançarinos, diretores, editores enchem o universo da arte. Artistas agora tem uma nova conotação neste novo século.

Agora podemos continuar a dizer que: SÓ TEM ARTISTAS.