cronica de domingo

Crônica de domingo.

Na praça da Matriz o sol da manhã está radiante, o clima temperado, um zéfiro suave me acaricia o rosto e afaga o coração.

A antífona de entrada da missa me lembra: “O Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra e não há outro além dele; na primeira leitura, em Deuteronômio 4,32, Moises orienta: “investiga os tempos que te precedem, desde o dia em que Deus criou o homem na terra. Pergunta se houve jamais, de uma extremidade dos céus à outra, uma coisa tão extraordinária como esta, e se jamais se ouviu coisa semelhante”; no Salmo 33,4, Davi me anima: Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança; em Rom 8,14-15: São Paulo garante “... todos os que são conduzidos pelo Espirito de Deus são filhos de Deus. Porquanto não recebestes um espirito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o Espírito de adoção pelo qual clamamos: “ABBA! PAI”; em Mateus 28,20b Jesus me conforta: “Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo”.

Em silencio, envolvo-me na sequência litúrgica, enquanto o sol inunda a nave da igreja e conosco louva o seu criador e nosso Pai.

O sol, sempre ele.

Cheguei neste mundo em uma bela manhã ensolarada; os dias solenes de minha vida sempre ocorreram em dia de domingo ensolarado (batizado, ingresso na vida religiosa, casamento), por isso tenho sobejos motivos para exultar ao afago da luz matinal de domingo e ao sussurro suave da brisa e elevar o coração a Deus na Santa Missa, principalmente. Uno a esse estado de alma o ambiente da bucólica cidade onde entrei no mundo; onde fui batizado (Maria da Conceição Malheiros e Jose Meniche Malheiros Filho foram meus padrinhos); dei os primeiros passos; primeiro balbuciei as palavras mamãe e papai; jogaram meus dentes pro morcego trazer novos e bons (ele atendeu o pedido); vi o voo rasante de um Camberra quadrimotor, avião que transportava a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fatima em visita ao Pará, por ocasião do VI Congresso Eucarístico Nacional em Belém (1953); recebi a Primeira Eucaristia; fui coroinha quando a Missa era celebrada em latim (introibo ad altare Dei, dizia o padre; ad Deum quae laetifica juventutem meam, respondia o coroinha, eu).

O ambiente matinal dominical, enquanto me afaga o coração, me faz recordar o que foi a Vila e mantem vivo o desejo de ainda ver o esplendor a que é predestinada, pois “o Senhor a escolheu como herança”.

Face 03;08.22.

arturo cortez
Enviado por arturo cortez em 08/10/2022
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