À "Patria"

A PATRIA. OLAVO BILAC.

“Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!/Criança! Não verás nenhum país como este!/Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!/A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,/É um seio de mãe a transbordar carinhos./Vê que vida há no chão! Vê que vida há nos ninhos,/Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!/Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!/Vê que grande extensão de matas, onde impera/Fecunda e luminosa, a eterna primavera!/ Boa terra! Jamais negou a quem trabalha/O pão que mata a fome, o teto que agasalha…/ Quem com o seu suor a fecunda e umedece,/Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!/Criança! Não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste!”

Conheci este poema de Olavo Bilac quando estudava no INSTITUTO NOSSA SENHORA DA PIEDADE, cujo prédio resiste ao tempo e descaso.

Iniciei o desemburramento no prédio onde hoje funciona a Secretaria Municipal de Promoção Social. As professoras Maria Barra Bastos, Tereza Cordeiro Maria da Conceição Malheiros, patrona da Cadeira numero 02, por mim indignamente ocupada nesta Academia de Letras Seccional Irituia, foram minhas mestras iniciais.

Há época, fim da década de 1950 e inicio de 1960, praticávamos cópia de textos didáticos, escrevíamos textos ditados pela professora, fazíamos dissertações sobre acontecimentos cívicos e impressões vividas e colhidas nas férias escolares e em palcos construídos por nossos pais na residência de Professora Conchita apresentávamos comedias.

Fruto dessas tarefas desenvolvi o gosto pela leitura: devorava poesias, contos, romances, historia de heróis civis e da igreja; cultivei o gosto pela escrita: buscava no fim de cada lição do livro didático temas para dissertar; escrevia cartas para amigos imaginários; mergulhei no mundo dos livros, onde encontrei as historias de carochinha repetidas vezes contadas por Tia Coruja, uma idosa negra que meu pai ia buscar vez ou outra para contar historinhas antes de dormir; – Seu Sebastião, meu pai, lia paleografo e possuía alta cultura gráfica, mas por não possuir óculos, pedia ao Altamiro, um jovem amigo, da Rua 29 de dezembro, no Umarizal – assim se chamava o bairro onde hoje está o HMI – que fosse em casa ler as revistas Cruzeiro e Manchete, que meu padrinho Zezé Malheiros, mandava pra nós e que, depois de lidas serviam também para forrar as paredes de barro de nossa tosca casinha.

Mesmo antes da revolução de 1964 o dia da Pátria era festejado com desfile de alunos fardados – os do grupo escolar do município trajavam farda caqui com quepe; os do colégio uniforme azul com blusa branca.

Homenageio a menina de tranças com uniforme colegial e sapatos pretos com meias brancas, hoje colaboradora de nossa academia, senhora Maria Olinda.

Nossos desfiles eram orientados por um soldado da Policia que gritava ordem unida: ORDINARIO! MARCHA!!! OU nos ordenava: UM, DOIS, UM DOIS! DIREITA, ESQUERDA! ALTO!!! OLHAR A DIREITA! OLHAR A ESQUERDA! E se mostrava orgulhoso do que fazia. No palanque as autoridades discursavam; o destaque era seu Carlos Malheiros, filho de português, nascido na terra, radicado na Capital que pronunciava longos discursos com o impecável: TENHO DITO ao final; os irmãos Raimundo Reis Quiquito e Antonieta Reis, In memoriam e Antonia Reis Quiquita, para nossa alegria ainda entre nós, declamavam poesias.

Os Dias da Patria que vivenciei, muitos deles como motivador, foram memoráveis. Destaco os vividos em Capitão Poço, principalmente nas administrações Antônio Felix Pereira e Jose Rufino, onde refulgia o acendrado ardor juvenil aceso na minha terra. Certo dia, por volta das 09 horas da manha, após a garbosa exibição de um grupo de alunos, eu bradei entusiasta: APLAUDE POVO INDEPENDENTE! Estrepitosos aplausos e vivas ecoaram entre a multidão.

Garanto que a energia que me impulsionava naqueles arroubos cívicos resultava do orgulho que cultivo de ser nascido e ter vivido a infância nesta outrora Terra do Pão e atendia como ainda atende ao conselho de Bilac:

“Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!/Criança! Não verás nenhum país como este!/Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!/A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,/É um seio de mãe a transbordar carinhos./Vê que vida há no chão! Vê que vida há nos ninhos,/Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!/Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!/Vê que grande extensão de matas, onde impera/Fecunda e luminosa, a eterna primavera!/Boa terra! Jamais negou a quem trabalha/O pão que mata a fome, o teto que agasalha…/Quem com o seu suor a fecunda e umedece,/Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!/Criança! Não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste!”.

Confesso que jamais encontrei terra igual a Irituia; asseguro que se o céu que hoje vejo ainda me extasia, enfado e indignação me provocam olhar o rio e a floresta. Desfraldo a bandeira da revolta quando me dirijo ao Rio Irituia no poema dolente Ode ao rio Irituia: como Arturo Cortez: “Quão Feliz me Fizeste a infância, velho rio!”

CONFREIRAS E CONFRADES, AMIGOS E AMIGAS: POR NOSSA GENTE, NOSSA TERRA, POR NOSSA PATRIA:

VIVA A DEMOCRACIA!!!

MUITO OBRIGADO COMPANHEIROS ACADEMICOS AELEBEANOS DE IRITUIA!

arturo cortez
Enviado por arturo cortez em 08/10/2022
Código do texto: T7623022
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