Entre o ofícios e os ofícios

O calendário marca 15 de outubro, não de um ano qualquer. É 15 de outubro de 2020, um ano que será lembrado por muito tempo. Esse ano não teve toalhinhas bordadas, nem homenagens na hora do recreio, com os costumeiros versos bem ensaiados, presentes e todos os abraços e beijos.

Lamentavelmente, estamos vivendo sete longos meses de distanciamento social. E embora muitas pessoas insistam em criticar o trabalho do professor, estes têm trabalhado, e muito.

O ofício se reinventou, da sala de aula para a tela do computador, sem período de testes, sem estágios e entre erros e acertos - o trabalho continuou. O trabalho continuou porque é necessário aprender constantemente e o professor também é aprendiz.

A mudança atingiu a todos, professores descobriram um novo “Knowhow”, famílias tiveram suas rotinas alteradas, estudantes precisaram desenvolver novas habilidades e serem mais autônomos.

Já não se ouve mais frases comuns como “Posso ir ao banheiro?” ou “O que tem de lanche?”. A nova rotina inclui “Não recebi a atividade”; “Não tenho câmera e microfone”; “Os dados móveis acabaram, e agora?”.

Mesmo diante de tantas adversidades e mediante a impossibilidade da aula online, alguns estudantes tiveram a oportunidade de receber atividades impressas.

Enquanto isso, os órgãos competentes produzem semanalmente: Ofícios, Decretos e Mapas de Risco - todos informando sobre o “Possível retorno às atividades presenciais” enquanto os críticos mais ácidos atacam e banalizam o trabalho dos professores.

Até o momento, não houve o retorno presencial, mas as aulas nunca cessaram. A escola não parou, embora o pátio esteja, na maior parte do tempo, vazio. O professor não saiu de sua casa, mas entrou na casa da maioria dos estudantes. A família não compareceu à reunião, mas esteve presente integralmente, aprendendo junto e orientando. Os estudantes não perderam o ano, aprenderam de forma ativa, com sugerem as novas metodologias.

Este dia dos professores foi diferente, algumas homenagens chegaram pelas redes sociais e outras pelo WhatsApp. Não teve abraços, nem festas. A direção escolar se fez presente visitando a casa de cada professor, levando carinho e guloseimas.

Contudo, eu só queria hoje, que tudo isso tivesse acabado para receber o teu abraço e te ouvir dizer “Obrigada Professora, teu trabalho é essencial”.

Cheiene Damázio Uggioni

(@poetizando.no.ocio)

cheiene.prosaeverso.net