Quem decide se alguém é poeta ou não?

Como assim:

Não sou poeta por não escrever palavras difíceis?

Por não conhecer grandes poetas e poetisas eu não posso fazer parte dos que assumem este fardo?

Escrever rimando, apenas, não faz de mim alguém que saiba transparecer nas folhas de papel as questões que trago no peito?

Estou me expondo abrindo as portas do meu íntimo só por escrever coisas que sequer têm a obrigação de serem sentidas por mim?

Quem é que rotula um poeta e o separa de um não-poeta?

Há quem se preze ao desprezível papel de dizer:

Este presta ou este não presta para ser poeta?

Quem teve a audácia de ousar avaliar sentimentos e emoções das mais variadas pessoas pelo mundo?

Não creio que haja alguém para tal.

Se houver, não deveria estar usando o seu tempo de vida para algo útil?

O poeta e a poetisa dão cores às cinzas da vida, articulam e movimentam lugares estáticos, fazem-no muitas vezes sem saberem.

Moldam e mudam pessoas, conquistam, arrasam, dilaceram... mas costuram, emendam e saram corações por todos os lugares do globo, nas mais diferentes línguas faladas, escritas, sentidas, não ditas.

O poeta e a poetisa sabem saltar abismos e voltar a subir deles, sabem morrer afogados e viverem para contar a história.

O poeta e a poetisa morrem de amor e sabem fazer doer a alegria, sem sequer precisar dizer duas ou três palavras difíceis, deixando acessível a todo o povo a arte da poesia, da emoção, do sentimento... do amor e da esperança no dia, no mês, no ano e na vida.

Quem ouse questionar um poeta ou poetisa, sentenciando à morte do espírito livre que carregam, já morreu há séculos e desde lá anda perambulando pela Terra.

Deve ter sido algum poeta ou poetisa que morreu por dentro, e deteriorou, e derreteu-se o coração, o espírito e a alma, mas o corpo... ainda numa última tentativa desesperada de voltar a pulsar o seu coração, agarrou-se a desesperança para seguir vagando, e não vendo chance de viver outra vez a poesia, passou a ver apenas as letras frias, sem calor, sem cor, sem sentido... sem vida.

Como assim: Não sou poeta por não escrever palavras difíceis?

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Lucas Rodrigues do Carmo
Enviado por Lucas Rodrigues do Carmo em 09/10/2022
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