Efemeridade
O que se nasce tão certo morre um dia
Após um longo tempo de sofrer,
Após um curto tempo de viver,
No afã que ele nunca chegaria.
Porém a pétala que nasce,
Se murcha é porque não duraria,
Se seca, pois certeza morreria
Em sua angústia de que nunca cairia...
A vida. Tão efêmera quanto a pétala,
Ao vento resiste ao que queria
Ser forte enquanto cresceria,
Eterna, forte, dura, pétrea!
Mas, se pedra, quebra quando cai,
Em estilhaços de pura emoção,
Torcendo a parte ser o todo, vai
Da esperança à pura decepção.
Mas não cola, imperfeita como a vida,
Triste como a dura dor do fim,
Com o tempo desfaz-se, e faz, enfim,
Do assombro a surpresa já sabida!
A efemeridade de tudo que julgamos!
Somos nós que pensamos ser eternos.
Engodo: já morremos ao nascermos,
Padecemos tanto antes que pensamos!
Efêmera é a vida, e passageiro este mundo.
Pois somos passageiros deste trem.
Que não para, segue seu destino,
Só não sabemos de onde e por que vem.
Mas chega e nos traz sem um bilhete
E nos deixa nesta fria estação.
Depois nos canta, sós, tal um falsete,
Na música desta vida sem razão!