SE LHE COUBER, VISTA A CARAPUÇA

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Dentre as várias características que macula a condição humana, existe uma de completa repugnância, porquanto vir associada à várias outras deformidades de caráter. Refiro-me ao defectível vício da bajulação.

Quando presente na escola, causa nojo aos demais colegas verem o bajulador furtar-se aos estudos para alcançar boas notas, obtendo-as a troco de elogios imerecidos, premiações injustificáveis, exaltações descabidas e inoportunas aos professores. Normalmente, refém da indolência e da pouca capacidade intelectiva, recorre o malformado de caráter às essas práticas espúrias, infelizmente, encontrando apoio de alguns poucos professores também possuidores do mesmo defeito.

Quando verificado no ambiente de trabalho, o bajulador espalha a desarmonia, cria a insegurança e dissemina a covardia. Para angariar melhores salários, ascensão a cargos e destaque, o bajulador não se furta à prática do dedurismo e propagação de eterno amor ao chefe e à repartição, esquecendo-se de que apenas vende a sua força de trabalho. É de imediato identificado, pois está sempre desconfiado e será, inapelavelmente, afastado do setor ou despedido do emprego quando se tem uma administração séria.

Quando inserido no sistema político, e parece-me o melhor ambiente para sua atuação, o bajulador identifica-se pelas suas mudanças de opiniões sem claras explicações, além de buscar proximidade aos que obtiveram melhor votação, independente de suas convicções pessoais. Por ser um sistema onde permeia o favorecimento e o clientelismo, o bajulador vê-se em terreno fecundo para agir e semear sua aptidão, atuando com desenvoltura. Não hesita em comportar-se como trânsfuga e muda de partido com facilidade.

Em suma, identificamos e temos os bajuladores em todos os espaços de convivência social, desde aos ambientes de pequenos significados, aos que possuem grandes cargos de elevada estima e poder. Como é uma deformidade de caráter, este vício está associado à frouxidão, falsidade, covardia, inaptidão, delação e complexos de inferioridade.

O episodio da vontade do presidente da república efetivar a funesta transposição das águas do Rio São Francisco, mostra com clareza insofismável a presença de alguns desses abjetos seres na política nacional. Outrora, diziam serem contrários ao projeto e de um dia para outro, mudaram de opinião ao serem contemplados com cargos públicos oferecidos pelo chefe da Nação.

A mudança de posição de alguns políticos que, quando em campanha, apregoavam ter conhecimento do projeto e que por isso, eram veementes contestadores à execução é de envergonhar a todos.

Todos nós sabemos que a mudança deve-se a trocas por cargos públicos, os quais, o governo anda distribuindo à quem o apóie, e não por ter estudado melhor, como nos querem fazer acreditar. Os estudos técnicos de cientistas mundiais ratificam o erro do programar não foram alterados.

Preferem esses políticos, voltarem as costas ao povo que os elegeram, em troca de migalhas por um cargo passageiro, que construir a imagem de pessoa íntegra e de caráter.

Aos que assim estão a proceder e nos traíram, só temos que lamentar e esperar o tempo passar, pois não serão perpetuados nos cargos. Contrariamente, seus nomes estarão, eternamente, presos a alguns adjetivos que costumamos chamar aos que assim procedem: bajulador, chaleira, puxa-saco, lambe-botas, adulador, lambeteiro, sabujo, xereta, baba-ovo, cafofa, xeleléu, xepeiro.

Que vistam a carapuça, os que ela lhes couber!