Para não esquecer de me lembrar.

Aos meus netos.

— Vô! Onde você nasceu?

Sou minhoca do asfalto, nasci e cresci envolvido pelas serras de Belo Horizonte.

Sempre morei no bairro Santo André, mas tinha primos que moravam no Carmo-Sion, Santa Efigênia, São Geraldo, Santo Antônio.

Estudei no Grupo escolar “Carlos Gois”, fiz o ginásio e o científico no Colégio Anchieta, namorei uma menina que estudava no Municipal, outra no Estadual Central, mas gostava mesmo era daquela que estudava no Imaco. A universidade foi na FAFICH, óh saudade do tempo que os estudantes tinham voz e vez.

No tempo do Grupo Primário havia as famosas excursões ao Parque municipal, que não era gradeado, e a Feira de Amostra, que deu lugar à Rodoviária.

Na escola aprendíamos que a cidade foi planejada para ficar dentro da avenida do Contorno, a avenida Afonso Pena era a central, as que cruzavam perpendicular mente tinha nome de tribo de índio e as outras de nome dos estados do Brasil.

Passeava a pé pelos estados: Paraná, Guarani, Curitiba, São Paulo, Amazonas, Rio de Janeiro, Espirito Santo, Bahia, alagoas, avenida Brasil, Pernambuco, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte e caminhava entre os indígenas: Caetés, Tamoios, Tupis, Tupinambás, Carijós, Guajajaras, Timbiras e Aimorés.

Já nasci católico, fui Batizado na Igreja de Nossa senhora da Conceição da Lagoinha, frequentava a Igreja do Senhor Bom Jesus, Nossa Senhora da Conceição, São José, Nossa Senhora do Carmo, Santa Efigênia.

Como sempre gostei de cinema, ia com regularidade ao São Cristóvão, Capitólio, São Carlos, Cine Rox, Cine Regina, Cine Nazaré, Cine Guarani, Cine Metrópole, cine Palladium, Art-Palácio, Cine Tamoio, Cine Pathé, Cine Jacques, Royal, Brasil e Acaiaca.

As duas rádios mais famosas da época, A Guarani e a inconfidência além de sonorizar a nossa casa, tinham auditórios, Os programas de auditório eram incríveis, Aldair Pinto comandava os programas na rádio Guarani. Décio na Inconfidência. Nomes da música popular brasileira faziam a programação. Clara Nunes e Agnaldo Timóteo, entre outros, foram crias destes programas.

A TV Itacolomi funcionava no último andar do edifício Acaiaca. A Tia Dulce era a Xuxa da minha época.

Aprendíamos desde cedo a valorizar o nosso dinheiro, O Lavourinha era o nosso banco. Uma unidade do Banco da Lavoura. O Lauvorinha era de poupança só para crianças. Papai abriu uma caderneta de poupança para mim, e eu ganhei um cofrinho no formato do prédio, quando enxiamos o cofrinho, íamos lá e depositava.

O carnaval era uma festa de verdade, perto da gente tinha os Leões da Lagoinha, homens vestidos de mulheres que desfilavam pelas ruas, levando a alegria para os moradores. Tinha também os desfiles na Avenida Afonso Pena. Desfile dos blocos caricatos, as batalhas de confete. As matines carnavalesca no Teatro Francisco Nunes ainda rondam as minhas memórias.

Os bondes, os trólebus, as jardineiras, o ir vir até chegar os meios de transporte coletivos que temos hoje.

Assim as lembranças me fazem percorrerem o meu Belo Horizonte, um retrato colorido da minha cidade, um cartão postal.

José Marcos Ramos
Enviado por José Marcos Ramos em 18/10/2022
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