DIÁRIO DE UMA PANDEMIA (Dia 45; Dia 46; Dia 47)

Dia 45

01 de outubro de 2026

Novamente cheguei tarde.

Novamente passa da meia noite.

Novamente vou fazer minhas anotações lembrando as conversas com a vizinha.

Novamente me pergunto porque não passo a noite com ela?

Novamente me dou a resposta: não fica bem um jovem senhor aposentado passando a noite com uma bela senhora, mesmo que essa senhora seja uma bela viúva e nenhum dos dois devamos satisfação nem dinheiro a ninguém.

Mas não fica bem.

Que iriam pensar da bela senhora se, de manhã, eu saísse de lá como gato fujão?

Então vou à casa dela, conversamos.

Comemos juntos.

Bebemos um pouco.

Trocamos ideias e planos.

Concordamos em muitos pontos divergimos em vários outros, mas tudo termina em comportadas gargalhadas e nosso afetuoso boa noite…

…e espero que os vizinhos não sejam indiscretos pensando coisas da minha vizinha.

Ou, pior, pensando coisas a meu respeito em relação a ela.

Vizinhos…

Outra praga que cresceu em nosso mundo.

Tem alguns que até nos permitem colher bons frutos… como a minha vizinha!

Mas os outros… curiosos, abelhudos, aproveitadores, indiscretos, bisbilhoteiros… e, as vezes, muito raramente, solidários.

Vizinhos…Arrrh!!!

Ah! Minha vizinha!

Dia 46

05 de outubro de 2026

Hoje foi o dia dos filhos do presidente.

Essa família não se contenta com o velhote gorducho a destilar asneiras.

Hoje eles também aprontaram.

Um é redondo como um porquinho… sujo e corrupto.

O outro até parece quadrado: não larga o celular.

Para os outros dois faltam adjetivos.

Hoje o redondo feito porco e o viciado em celular caminharam à frente da passeata, em frente ao Palácio da Alvorada.

Ambos carregando, orgulhosamente, a bandeira dos Estados Unidos… gritavam palavras de ordem e alardeavam aos quatro cantos seu amor ao Brasil.

Mas o triste não é ver esse redondo e esse quadrado vazando veneno.

Triste é ver que tem gente que acompanha um ato vergonhoso.

Vergonhosamente um ato no coração do Brasil, sendo comandado por alguém que venera a bandeira de outro país.

Eles se dizem patriotas, mas veneram a nação que explora nosso povo.

E assim agem os integrantes dessa gang: os porquinhos que gritam o nome do presidente, seus filhos que rosnam para esconder suas fraquezas e o velhote gorducho, tão inconsequente que numa tarde dessas deixou seu cavalo preferido pastando, ao lado das emas na grama do Alvorada… e, por várias vezes foi visto nas periferias de Brasília seduzindo menores…

Com certeza, o Renato Russo levaria o “Legião Urbana” a soltar a voz, perguntando: “Que país é esse?” Um tapa na cara de todos os sujos:

“Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado.

Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação.

Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia-ia-ia, na Baixada Fluminense, Mato Grosso, Minas Gerais e no Nordeste tudo em paz.

Na morte, eu descanso, mas o sangue anda solto manchando os papéis, documentos fiéis ao descanso do patrão

Que país é esse?

Terceiro mundo se for piada no exterior.

Mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão quando vendermos todas as almas dos nossos índios num leilão

Que país é esse?”

Ah! Como eu queria saber que país é esse...

Principalmente quando o presidente, em todo pronunciamento, repete o slogan: “Brasil, ame-o ou deixe-o!”

Mas ele vive reafirmando que prefere os cavalos…

… E que não suporta o cheiro do povo!

Dia 47

07 de outubro de 2026

Hoje, enquanto almoçávamos, minha vizinha fez uma afirmação que me obrigou a uma retrospectiva…

Desde que começou a ganhar a mídia nacional o presidente, então um obscuro deputado, faz questão de debochar de mulheres e homossexuais.

Não são poucas as declarações homofóbicas, misóginas e preconceituosas ao longo de todos esses anos desde sua saída do interior de Goiás até ocupar a cadeira presidencial.

Mesmo depois de eleito continua fazendo afirmações desastradas. Não sei como as mulheres ainda o acompanham.

Daí a afirmação de minha vizinha.

Disse ela: “tanta aversão às mulheres e aos homossexuais me leva a uma única conclusão: o presidente é gay. No fundo, todo machista, com toda sua empáfia está tentando esconder sua boiolice. Quem está seguro e convicto de sua sexualidade não precisa atacar as opções dos outros. Ele ataca porque quer disfarçar e desviar a atenção daquilo que ele é.”

Concordei com ela!

É verdade!

Pintura nova em parede velha não rejuvenesce a parede, só esconde seus antigos defeitos.

O presidente é tão boiola quanto os boiolas que ele condena!!!!