Ah, a Educação!
Ah, a Educação!
Quem me conhece mais de perto, ou a minha obra, sabe a importância que dou às palavras. Sempre digo que, em um texto, as palavras precisam ser vistas, olhadas, e não somente lidas. Na semana passada, eu explicava algo - do qual não me lembro no momento - para uma das minhas turmas. Era alguma associação de ideias. Gosto dessa técnica porque nos ajuda a diferenciar as palavras homônimas, por exemplo.
Em aulas anteriores, eu havia percebido a dificuldade de alguns estudantes em diferenciar "auto", com sentido reflexivo, e "alto", relacionado à estatura. Em um insight, parei o que estava explicando e fui para o outro lado da lousa. Escrevi os dois termos, um ao lado do outro. Com outra cor de pincel, grifei o "u" da primeira palavra e o "l", da segunda. Então questionei qual era a letra mais "alta" dentre as duas. Por unanimidade, venceu o "l". Arrematei dizendo, portanto, que "alto", com "ele", refere-se à "altura". Sim! As letras também têm nome.
Era quase fim de expediente. Eu já estava cansado e um tanto desanimado com o comportamento de alguns estudantes em aulas anteriores. Terminada a aula, um menino - quase xará meu, muito bacaninha, com o astral nas alturas - aproximou-se de mim e disse:
- Professor, por isso que saudade é com "u"; porque não pode ser grande.
Se não fosse um texto com temática pedagógica, eu meteria um palavrão exclamativo aqui, sim! A sua fala me deixou muitíssimo feliz! Além de ele ter captado como funciona uma associação de ideias, foi mais longe e fez a sua! Voltei para casa cheio de mim, com a certeza do dever cumprido. Ainda há salvação!