DECISÕES POPULARES

Indubitavelmente, essa última campanha eleitoral para a escolha do presidente da república do nosso país, que culminou com a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o cargo de presidente da República do Brasil por esses próximos quatro anos, foi a mais polarizada dos últimos vinte e cinco anos.

A preferência e a rejeição existentes por partes dos eleitores, em relação a ambos os candidatos que disputaram as eleições de primeiro e segundo turnos deste ano, respectivamente, representaram um marco na história da democracia do nosso país.

Desde o início da campanha já se previa uma grande disputa pela consecução dos votos dos eleitores de ambos os lados dos candidatos presidenciáveis mais polarizados, sobretudo quando se falava na hipótese desses candidatos conseguirem a adesão dos chamados votos úteis, bem como dos indecisos.

A dinâmica dessa apuração foi um verdadeiro teste para cardíacos, haja vista a forma como a chegada dos votos se lhe apresentava nos painéis que registravam a apuração contínua nas emissoras de rádio e de televisão do país como um todo.

Finalmente, o momento do grande tira-teima eleitoral chegou e, como já era esperado, houve um grande equilíbrio durante a apuração dos votos e isso fez com que o resultado registrasse apenas 1,8 pontos percentuais de diferença do total de votos recebidos pelo candidato vitorioso em relação ao total obtido pelo candidato derrotado, causando, destarte, uma grande decepção para aqueles que torciam pela reeleição do atual presidente.

Uma maioria popular nacional decidiu por votar no candidato Luiz Inácio Lula da Silva, preterindo o atual presidente Jair Messias Bolsonaro, que ficou em segundo lugar com uma margem de votos bem apertada em se considerando o total de eleitores aptos para votar neste ano de 2022.

Ato contínuo, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proclamar o resultado das urnas, em favor do candidato vitorioso Luiz Inácio Lula da Silva, da coligação Brasil para a Esperança, ocorreu uma insatisfação popular, composta por pessoas que supostamente votaram no atual presidente e não querem que o candidato eleito seja empossado ano que vem, fazendo com que muitas atitudes incomuns e contrárias à manutenção do estado democrático de direito tenham sido praticadas por parte de alguns grupos, até certo ponto, beligerantes.

A maioria dessas pessoas, adeptas incondicionais às ideologias políticas e partidárias de legendas de direita e de centro-direita que o são, e que possivelmente tenham apoiado o atual presidente durante a última campanha eleitoral, sempre estiveram empunhando suas faixas e adereços de campanhas com as cores da bandeira nacional, sob a afirmação de que agem com o espírito do verdadeiro patriota.

Na acepção real da palavra, patriota é aquela pessoa que se esforça para ser útil à sua pátria, agindo em defesa não do próprio interesse, mas sim do interesse coletivo. Enfim, é aquela pessoa que se posiciona, por palavras e por atos, em defesa do bem comum.

As manifestações e os protestos que ainda estão ou que estiveram em evidência, dizem respeito a uma insatisfação reprimida, advinda daqueles eleitores que lutaram com unhas e dentes durante a campanha eleitoral, com o intuito de reeleger o atual presidente da nossa república, cujo mandato eletivo perdurará até o dia 31 de dezembro do ano em curso.

De acordo com os dados registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil tem mais de 156 milhões de eleitores que estavam aptos a votar e/ou que deveriam ter votado nas últimas eleições de primeiro e segundo turnos para presidente da República.

Finalmente, aconteceu a eleição de segundo turno da forma como se esperava que ela fosse acontecer, e exatamente às 00h18min do dia 31/10/2022 (segunda-feira), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu a totalização de todos os votos do segundo turno das Eleições Gerais 2022.

Assim, do total de 156.454.011 eleitores aptos a votar, foi registrado que o montante de 124.252.796 eleitores compareceu às urnas, um número equivalente a 79,41%, quase 4/5 do total de eleitores aptos.

Os votos válidos destinados aos dois candidatos a presidente da república totalizaram 118.552.353, em contrapartida a abstenção, ou seja, o não comparecimento de eleitores aptos que deveriam votar, alcançou a somatória de 32.200.558, representando 20,59%, pouco mais de 1/5 (um quinto) do total dos eleitores que deveriam exercer a sua cidadania.

Os votos nulos representaram 3.930.765, o que corresponde a 3,16% do total de votos. Já os votos em branco somaram 1.769.678 (1,43%).

No cômputo geral, foram apuradas 472.075 seções eleitorais, sendo a última delas no estado do Amazonas.

Já no decorrer da noite de domingo do dia 30 de outubro de 2022, foi definida matematicamente a disputa em segundo turno para presidente da República e o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, da Coligação Brasil da Esperança, foi eleito presidente pela maioria dos votos.

Com a totalização da apuração de todas as seções, Lula obteve 60.345.999 votos (50,90% dos votos válidos) e Jair Messias Bolsonaro da Coligação Pelo Bem do Brasil recebeu 58.206.354 votos (49,10% dos votos válidos).

No decorrer da campanha eleitoral de segundo turno, devido as pesquisas eleitorais apresentarem percentuais bem próximos entre os candidatos em disputa, havia grande expectativa por parte dos seguidores do candidato que disputava a reeleição de que ele seria o vitorioso, mormente, se ele conseguisse captar os votos dos indecisos, mas não foi isso o que aconteceu no dia da eleição de segundo turno.

Os eleitores indecisos do primeiro turno continuaram indecisos também no segundo turno e com um agravante maior: a maioria decidiu por não comparecer às urnas, outros votaram em branco e/ou anularam o seu voto e se mantiveram firmes, tanto no primeiro quanto no segundo turno.

O povo brasileiro que ocupa os quadrantes norte, sul, leste e oeste deste país de dimensão continental, vive em uma república federativa, onde a democracia é um princípio fundamental e essa garantia constitucional está preceituada no parágrafo único do artigo 1º da Constituição Federal de 1988, senão vejamos:

“Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

É por meio do voto que os cidadãos escolhem seus representantes e, serão estes candidatos eleitos que irão legislar e administrar a máquina pública em favor do bem comum a todos, pouco importando em qual deles os eleitores confiaram o seu voto.

O candidato eleito, ou seja, aquele que recebeu a maioria dos votos no dia da eleição, independentemente da sigla partidária ou da coligação que ele possa pertencer, deverá ser empossado normalmente no dia em que for determinado para tal e ninguém poderá impedir que esse evento possa ocorrer.

O que se observa, com base nas atitudes pouco amistosas dessas pessoas, é que elas ficaram insatisfeitas com o resultado das urnas que redundou na vitória do candidato adversário do atual presidente e querem que as Forças Armadas Nacionais assumam o comando da nossa nação no lugar do verdadeiro candidato eleito, o que é uma medida inconstitucional.

Pelo que se vê, a priori, esse grupo de pessoas insatisfeitas deixaria de agir com tanta veemência se o resultado das urnas tivesse sido favorável ao candidato que tentava a reeleição, representado que o fora pelo atual presidente da república.

Mais uma vez, observa-se que a polarização política e partidária destas eleições fez a diferença, mas percebe-se que se os eleitores quisessem, realmente, exercer o seu dever cívico, comparecendo em massa às urnas, depositando nelas seu voto, no seu candidato de preferência, quiçá, o resultado da votação tivesse sido menos apertado, ou tivesse sido favorável ao candidato da preferência dessas pessoas insatisfeitas.

Sem sombra de dúvida, já que o candidato que pleiteava a reeleição para presidente não conseguiu atingir seu objetivo, agora caberá única e exclusivamente a ele rever os seus conceitos e, desde já, se tornar um candidato muito mais bem preparado para disputar as próximas eleições para presidente, daqui a quatro anos, evidentemente.

Antes disso, seria de bom alvitre que ele viesse a público agradecer os votos recebidos e pedir para essas pessoas que o admiram e que estão querendo a volta das Forças Armadas no lugar do candidato vitorioso, desistissem o mais rápido possível desse movimento, pois a democracia brasileira está latente e permanecerá firme e soberana no corpo e na alma da nossa Constituição.

O povo pode decidir o que quer para si desde que seja de interesse comum para o seu país, mas há leis e regras a serem seguidas e respeitadas e a eleição de seus representantes por meio do voto é uma delas.

Se insurgir contra o resultado das urnas porque ele não foi favorável ao candidato de sua preferência, pedindo que as Forças Armadas assumam o comando do nosso país no lugar de quem foi eleito democraticamente é o fim da picada e de modo nenhum essa atitude irá justificar a ocorrência de atitudes antidemocráticas de qualquer natureza por parte de uma parcela desse mesmo povo.