A conversa.

- Oi.

- E aí! Tu me chamou pra conversar. É alguma coisa importante?

- Mais ou menos. Estava com saudades de ti. Só não queria ter que dizer assim, tão na cara, pra não parecer um dependente desesperado.

- Ah, Antônio, não precisa sentir minha falta. Eu sempre estou por aqui.

- É, eu sei, mas não falo apenas da presença física, apesar dela fazer parte também. Quase não nos vemos mais. O que aconteceu com a gente? Eu fiz alguma coisa?

- Claro que não. Acho que a falta de tempo entre nós dois fez isso acontecer.

- Isso o quê?

- Quase não nos vermos mais, Antônio. Eu tenho trabalhado muito nos últimos tempos, tenho tarefas da faculdade para terminar e só as vezes que saio de casa para me divertir.

- Mas eu percebo que em alguns momentos tu sai e não me chama. Tem coisas que vão além da falta de tempo. Eu tento me fazer presente nas pequenas coisas que estão ao meu alcance. Pensei que eu era o tipo de amigo pra ti que estaria em todos os momentos.

- Mas tu é, Antônio.

- Sou? Como? Me sinto excluído. Não, pra falar a verdade, eu estou sendo excluído. Eu só queria que as coisas voltassem a ser como eram. Mas não que isso partisse apenas de mim, porque acredito que esse carinho seja recíproco. Minha intuição diz que não é mais, porém eu tento não dar ouvidos à ela.

- Eu posso te dizer que estou fazendo aquilo que tu gostaria que eu fizesse neste exato momento. Me faço presente do seu lado e agora eu reconheço que nem sempre estive aqui por ti. Quero que tu aceite minhas sinceras desculpas, mas quero que saiba que não é desinteresse por minha parte. Eu te amo, Antônio, e isso nunca vai mudar. Tu não é apenas um amigo para mim, mas o meu melhor amigo. Nós dois, juntos, a partir de agora, vamos reestabelecer nossa amizade, tudo bem? Todas as minhas faltas serão compensadas de uma outra forma. Vou estar contigo em todos os momentos, sendo o teu apoio, vendo tuas realizações e muito mais. E tu estará comigo também. Teremos a amizade que tu almeja, pode ser?

* choro *

- Antônio, está tudo bem?

- Não.

- Por que tu está chorando?

- Porque tu não está aqui de verdade...

- Eu não est--?

E lá estava Antônio, sozinho em seu quarto, conversando com o vazio.