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VIAJANDO DUAS VEZES (TAMBÉM EM MEUS PENSAMENTOS)

 

       “Para viajar basta existir”

                     (Fernando Pessoa)

 

 

Desloco-me do Rio de Janeiro

Em direção à linda Paraty

Mais especificamente para sossegada praia de Jabaquara

Seguindo pela rodovia Rio-Santos

 

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Passaria velozmente o tempo do exílio sem que alguém perceba?

Às vezes passa lento ainda que seja o mesmo... tempo!

E no que por ele vamos percebemos “coisas” que não queremos

(ou, melhor dizendo, porque não gostamos)

Da viagem a se fazer nem tanto aprazível!

Mas, com certeza não foi esta

 

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Realmente, às vezes, não sei se quero chegar logo ao destino

Ou se não me importaria de s’estender um pouco mais a viagem

E por quê?

A paisagem é belíssima

E s’eu pudesse, viveria só viajando...!

 

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Amo o solo em que nasci

Este país de incríveis belezas

Mas, uma vez ou outra, sinto-me com um estrangeiro em minha

... própria terra!

Deixa quieto!

 

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E do lado esquerdo do ônibus em que ia, admirava o que pela janela assistia

Um infinito (ao que parecia) manto azul

Como qu’esticado e liso em seu leito

Ainda que n’um mar ziguezagueante em suas ondas

Haverá algo mais profundo que o mar.... que [aqui] não sabemos?

Dos substantivos concretos, não creio

Não no mundo

Contudo, o céu estaria “fora” do mundo?

 

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Onde começa a vida?

E em que lugar (se realmente há) termina?

Passado e futuro um dia, quem sabe, se abraçarão?

Início e fim s’encontrarão?

Talvez?!

 

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O mar presente a se fazer ante meus olhos

Na estrada em que nela minha vida nest’hora corre

Desta que, por Deus, eu até pediria [ao motorista] que o ônibus parasse

Só para ver o mar

 

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Oh! Seria ele – o mar – uma entidade pensante?

Pergunto assim para mim onde imagino quantas “ideias”

... em seu interior abrigaria (caso ele pensasse)

Mas a terra, oh! esta, sim, carrega em sua superfície mil conceitos

Contudo, melhor também deixar p’ra lá!

 

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A viagem prossegue...

Oh! Que maravilha!

E percebo o céu... e contemplo o mar

E outra pergunta a mim faço:

“O que eles na verdade guardam ao que precisaríamos saber?”

Nenhuma reta existe mesmo no final d’horizonte

Do espaço a ser, na verdade, curvo

Como o próprio tempo em seus movimentos

Já que tudo volta (pelo menos no prazo deste mundo)

 

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E a estrada se faz sinuosa (como a própria vida)

Oh! como alguém chegaria ao seu destino caso não houvesse

... nenhuma placa?

E no percurso da vida quantas são tão enganosas!

E são tantas curvas...!

 

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Às vezes o mar se “revolta”

Tê-lo-ia raiva da vida?

No entanto, n’àquela hora parecia estar... em completa paz

A saborear o Nirvana!?

 

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O mar!

Talvez, sei lá, ele pensa

Todavia, não se ostenta nem s’envaidece como nós, mesquinhos humanos

Ao que não se sente superior a qualquer coisa que [aqui] está

E nem a si dá alguma importância

Pois, seus olhos miram para o alto [o tempo todo] ... a ver o céu

Este, sim, a ser maior que tudo

E a ser fonte de tudo

 

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E, após ter passado por Angra, um pouco mais adiante,

... chego finalmente em Paraty

Passou tão rápido!

Pois é, tudo é tão fugaz!

Quando a Morte me chegará também?

 

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15/11/2022

 

IMAGENS: FOTOS POR MIM TIRADAS E TAMBÉM DA INTERNET

 

MÚSICA: “AO LONGE O MAR” - MADREDEUS

https://www.youtube.com/watch?v=sCQpycvSF24

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 15/11/2022
Reeditado em 15/11/2022
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