Mais um Dia da Bandeira - 15 de Novembro de 2022

A intenção é contribuir aos anais de nossa história com o registro da festa de mais um aniversário da Bandeira. Antes, apesar de todos conhecerem o aniversariante, vamos apresenta-lo, enumerando algumas características.

Celebra-se todo os dias 19 de novembro, a bandeira do Brasil, símbolo máximo de representação da nação brasileira. Data de seu nascimento, pelo fato dela ter sido apresentada pela primeira vez, nesse dia, quatro dias após o golpe militar, que derrubou o império de Dom Pedro II, que acreditamos ter sido um dos tempos mais prósperos, em termos relativos, de nossa história.

Estava proclamada a República e a promessa de que os gestores republicanos iriam cuidá-la pelo menos com o mesmo padrão de eficácia de Dom Pedro II, o que continua como promessa.

A atual versão da bandeira brasileira substitui a antiga bandeira imperial do país.

As cores oficiais da bandeira brasileira são o verde, amarelo, azul e branco. Além das cores, a frase "Ordem e Progresso". A simbologia das cores: verde, as matas, a floresta; amarelo, o ouro, as riquezas; azul, o céu, os rio, as águas; e o branco, o desejo pela paz;

O explícito dos dizeres “ordem e progresso” carecem de maiores explicações, a não ser, apesar de exagero, que ordem além de organização, de ordenação, está intimamente relacionada ao conjunto de leis que promovam a justiça, a preservação do planeta e da vida e o progresso - desenvolvimento econômico, social, político, cultural e humano.

As estrelas representam as unidades da federação. Eram, no início, 21, depois passou para 23 e, atualmente, 27.

O canto de parabéns tradicional foi substituído, por um vibrante e emotivo canto do “hino à Bandeira”, com destaques para: salve, símbolo augusto da paz; a verdura sem par destas matas; paira sempre sagrada bandeira; e pavilhão da justiça e do amor.

Encerrou-se o canto de parabéns e, apesar da substituição dos tradicionais parabéns, seguiu-se a tradição com: é big, é big, é big, Bandeira nacional, Bandeira nacional, arrematado com o pedido de discurso do aniversariante – discurso, discurso... Sem qualquer indecisão, parecia até que aguardava essa oportunidade, assim discursou a Bandeira:

Agradeço a presença de todos nessa data, quando completo 133 anos de existência. Apesar de ser um dia que deveria me sentir alegre, confesso que estou triste, estou de luto e podem perceber esse meu estado de espírito pelo desbotar, pelo esmaecer de minhas cores, provocado por fatos.

Como acabaram de cantar “pavilhão da justiça e do amor”, qual nada, pavilhão de luto por nação injusta, com trinta milhões de famintos e outros tantos desempregados em que as grandes e falsas lideranças dividem os brasileiros disseminando ódio, pela semeadura de sórdidas mentiras. Luto por me transformarem no pavilhão da desigualdade e do ódio.

Luto por esmaecerem meu verde. Como me pergunta a canção: ”se o jovem perdeu a esperança e o dirigente, o compromisso; se o deserto a floresta alcança, pode o teu verde continuar com viço”?

Luto por desbotarem meu amarelo, com: a pilhagem e contrabando de ouro e pedras preciosas; o garimpo ilegal e criminoso. Além disso, os maus tratos a gente brasileira, a maior das riquezas, agrava esse descolorido de meu amarelo, pelos fatos contidos na pergunta que me faz a canção: “se a violência implanta o medo e lágrimas de criança são por comida, se a economia sorri ao desemprego, pode teu amarelo continuar com vida”?

Luto por esvaecerem meu azul com: o lixo não cuidado devidamente, tanto o doméstico quanto o empresarial e até mesmo o hospitalar; os despejos criminosos de cargas residual tóxicas, bem como as “tragédias ecológicas”; e o lixo tóxico de processos perversos de extração mineral envenenarem minhas águas. Plagiando a canção, pergunto a vocês pode meu azul continuar insensível a tanta agressão?

Luto por me usarem não como “símbolo augusto da paz”, mas como chantagem emocional para aliviar a subversão e o ilícito contido em manifestações. Luto por mancharem, turvarem a pureza de meu branco com: utilização da desinformação e do "bombar" de mentiras nas redes, semeando e provocando conflitos; pregação da violência e da militarização da sociedade civil; intensos esforços para favorecer e facilitar a posse e utilização das armas; e frequentes insinuações e ameaças de golpes. Como me pergunta a canção que tão bem expressa minha tristeza: “pode o teu branco continuar límpido”?

Obrigado pela celebração pela presença de todos vocês. Entretanto, estou sem esperanças de que esse processo seja interrompido e fatos de reconstrução nacional tragam de volta meu colorido de recém nascida, representação daqueles tempos prósperos e pacíficos. Não consigo esperanças de que farei jus ao cantar de meu hino: “símbolo augusto da paz; e pavilhão da justiça e do amor”.

Aplausos envergonhados dos presentes, por se saberem responsáveis, como cúmplices do esmaecimento das cores da Bandeira nacional, encerraram as celebrações de mais um dia da Bandeira.

Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz ...

ENDEREÇO RELACIONADO

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/16788

J Coelho
Enviado por J Coelho em 19/11/2022
Reeditado em 19/11/2022
Código do texto: T7653152
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