NAGRELHA DOS LAMBAS

NÃO FALA DO ZEDÚ…

Diógenes de Sinope, ou simplesmente o cínico, saía em plena luz do dia com uma lamparina acesa procurando por homens verdadeiros (ou seja, homens autossuficientes e virtuosos). Reza a história helenística sobre esse filósofo. “Nagrelha dos Lamba” diferente de “Petros” ou “Rocha” que corresponde ao nome do discípulo que negou Jesus, seria um estudo de caso para tese de Diógenes. Esse filósofo entendia que o propósito da vida era viver na virtude, de acordo com a natureza.

Aos vinte seis dias do mês de março de dois mil e vinte seis, numa entrevistam televisiva, Nagrela dos Lambas, ou seja, o Estado Maior do Kuduro, viu-se colocado entre a virtude ou a fama, entre a recompensa ou o desdém, entre a traição ou fidelidade.

Gelson Mendes, quando em vida, revelou ser realmente um oficial superior do Kuduro. Colocar-se contra os antigos mestres tem sido a posição mais fácil do ser humano, o homem prefere o conforto, a segurança, a zona de conforto portanto, aliás, a ingratidão do homem não é novo, como escreveu Isaías: “Criei filhos e os fiz crescer, mas eles se revoltaram contra mim.”

Nagrela dos Lambas será um estudo de caso, um exemplo oportuno no que tem que ver com a guarda dos segredos de Estado, fazendo uma análise do ponto de vista da Segurança de Estado, mostrou positividade. Numa época em que a venda de informações sigilosas tem sido fonte de rendimento, Nagrela, na qualidade de Estado Maior do Kuduro, recusou vazar informações.

“NÃO FALA DO ZEDU. QUAL É O TEU PROBLEMA?” Nessa frase, Nagrela mostrou ser um verdadeiro General, a frase carrega ordem, corta o mal pela raiz, “ Não fala do Zedu” é uma frase imperativa, com um valor negativo, um comando “ no facere” em latim, “ não fazer” mas aqui fica “não falar”. O Não fala do Zedu não é um atentado ao direito de expressão, pelo contrário a regula, protege o direito ao bom nome. Num sentido pragmático, Nagrela, no nosso entender, queria dizer: “não fala mal do Zedú” esse entendimento torna-se claro quando percebemos a segunda parte da frase interrogativa direita e retórica: “ Qual é o teu problema?”.

Nagrela ensina não falar mal de quem algum dia ajudou, muitos são ingratos, traidores, falsos, aproveitadores, falam mal dos pais, dos amigos quando há baixas, dos antigos chefes quando são exonerados. Alguns cristãos deveriam se rever nas palavras de Nagrela, muitos deles quando atingem uma posição elevada, deveriam dizer também: “Não fala da igreja. Qual é o teu problema?” Aos que trabalham para segurança do Estado, diriam também: “Não fala do Estado. Qual é o teu problema? Aos amigos: “ Não fala dele. Qual é o teu problema?

Gelson Caio Mendes, conhecido nos palcos musicais como Estado Maior do Kuduro, deixa uma lição de vida para toda sociedade angolana, e não só, mostrou para a juventude que o sucesso não está só nas faculdades, ou na educação formal, aproveitou a oportunidade e conquistou em pouco tempo a simpatia de elites, soube equilibrar entre o palácio e o gueto.

Se Diógenes saísse hoje em plena luz do dia com uma lamparina acesa procurando por homens verdadeiros, encontraria?

Não fala do Nagrelha. Qual é teu problema?

In Memoria de Gelson Caio Mendes “Nagrela Estado Maior do Kuduro”

Crônica de Buazeca

Por:

João Buazeca Domingos

Monayangola
Enviado por Monayangola em 22/11/2022
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