NAS ESCOLAS

Nas escolas de tempos atrás, o ensino começava pela demonstração das letras e números que são os ideogramas básicos para o conhecimento da língua e das quantidades que nos relacionam com tudo que existe no mundo.

Saber as combinações entre as letras para formação de sílabas, uma vez que o Português que falamos é língua silábica e as combinações dos números para definições métricas, eram exigidos de todos, com castigos (noutros tempos físicos) e privações até que o aluno desenvolvesse a familiaridade com esses códigos.

Claro que haviam os exageros de se pedir a um aluno do segundo ano ginasial (entre 12 e 14 anos de idade) a demonstração de como chegar à fórmula de Bhaskara;

de fazer cálculos com tábuas de logaritmo da base 10;

saber os nomes das capitais da Europa;

dos afluentes do Rio Amazonas;

quais os Estados brasileiros banhados pelo Rio São Francisco;

determinar quantos quilômetros mede cada fuso horário na linha do equador;

quem foi e o que fez Francisco Solano López;

quantas e quais foram as capitanias hereditárias;

quantas foram, por quem e quais as consequências das invasões estrangeiras no solo brasileiro;

quais são e onde se localizam os ossos da face, do tronco e das mãos;

como ocorre a fotossíntese;

análise sintática das frases de Camões, Castro Alves, Machado de Assis, além do domínio dos idiomas Francês, Inglês e Latim (com as terríveis desinências das três declinações).

Entretanto, o domínio da língua Portuguesa e das técnicas da aritmética com os números naturais inteiros ou fracionários, regras de três simples ou composta, sistema métrico decimal, etc. fazia com que a maioria dos alunos obtivesse extenso vocabulário quer no discurso ou na produção de textos e pudesse resolver a maior parte dos problemas que exigem familiaridade com os números.

Claro que qualquer currículo pode e deve ser modificado para adaptação aos novos tempos, mas um bando de iluminados inconsequentes resolveu que nada daquilo servia e virou o ensino de ponta-cabeça.

Hoje, faz vergonha, estarmos no último lugar na prova do PISA ou ler qualquer monografia dos concluintes dos inúmeros cursos universitários, pela pobreza vocabular, pelos erros crassos e pela inutilidade dos temas abordados.

Não é à toa que não temos prêmio Nobel nem produção científica digna deste nome...