A Vontade de ir para o Céu, de Mandar o Próximo para o Inferno, Valores & A Nossa Sempre Velha Natureza Humana

Numa dessas madrugadas tediosas, modorrentas, encalouradas e filosofantes - em que zapeio aleatória e displicentemente os vários e vários canais da TV...

Depois de observar que um número enorme deles são de cunho religioso e que todos arrogam para si a exclusividade do caminho para o Céu, para o "sucesso" e para a tal "salvação" (sabe-se lá do quê!); eis que deparo-me com um canal onde era exibido um programa de lutas. Destas em que a pancadaria é a regra - não à toa chamada há algum tempo atrás de "Vale-tudo".

Comparando a superficialidade do que é chamado entretenimento com o vazio da assistência que o aplaude, tendo a pensar acerca dos descaminhos que essa nossa tal de "evolução" tem tomado até aqui...

É de se supor que desde os primórdios - assim que os seres humanos despertaram para a própria consciência - sempre existiram aqueles voltados à ciência do funcionamento das coisas, das formas e maneiras de se fazer algo que facilite ou melhore - não apenas os estados materiais relacionados à proteção e ao conforto - mas também os psíquicos, mentais e cognitivos de todos.

Em suma:

O desenvolvimento do raciocínio.

Ora, milhares e milhares de anos de pensamento, de pesquisa, de lógica e de reflexão para desembocarmos - ainda hoje - nos dois mais elementares (e por que não dizer pueris?!) comportamentos considerados demasiado humanos...

Um eterno retorno entre a crença e a barbárie.

Civilizações vêm, civilizações vão, impérios nascem e morrem - e nós sempre estamos às voltas com os tais deuses e feras.

De uma forma bem simplista, é como se um se alimentasse - invariavelmente - do outro. Quando não estamos crendo em um deus que degladia por nós, estamos nos degladiando por um deus em que cremos...

Claro que esse conceito pode ser absorvido nas mais amplas, diversas e irrestritas formas e significações que "deuses" e "gladiadores" possam assumir em nosso discurso capenga do cotidiano medíocre público e privado.

Entre um deus (ou deuses!) que tudo pode ser e uma guerra eterna em que pode ser tudo, a grande questão é:

Afinal, o que realmente (se/nos) vale*? - 🥃

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(* Tem valor)

Maiêutico Com Cicuta
Enviado por Maiêutico Com Cicuta em 27/11/2022
Reeditado em 27/11/2022
Código do texto: T7659078
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