O Natal vem aí

O NATAL VEM AI

Vivenciamos a cada dia uma grande dualidade de frenéticas paixões. As estações do ano, as mudanças repentinas da natureza, do rumo de tantos navegantes, mesmo daqueles que jamais se afastaram das calmarias das areias finas de muitas praias; outros que nunca sequer caminharam, mas que libertaram os seus pensamentos e voaram tão alto que nem conseguiram ver a beleza que as encostas das montanhas marinhas nos oferecem... Ouviram o marulhar das ondas, porem, não puderam vislumbrar as espumas brancas beijarem as praias de todos os amores e de todas as solidões. Há um paradoxo em um redemoinho de águas, ventos e tempestades que uma hora nos faz feliz e noutra a desolação da impotência de afastar de nos as armadilhas e os ardis que se nos preparou o destino...

Estive pensando: ontem, uns dias atrás, em muitos cemitérios, a luz pálida das velas brilhavam timidamente, disputando a escuridão da noite com as estrelas, dando um ar lúgubre como se eternizasse o medo que sentimos da ultima viagem, do desconhecido. Mas, dezembro chega e encobre o mundo de mistério, assim como toda aquela calmaria da inércia, de repente fosse substituída pela vida, pelo nascimento, pelo colorido das luzes, pelo clarão de tudo o que ilumina e brilha, pela beleza das arvores de natal com seus enfeites e presentes e, especialmente pelo sorriso das pessoas, todas elas que saíram da incerteza da vida que finados, a morte sempre dá, para a certeza da vida eterna que o nascimento do Cristo Jesus mostra aos viventes todos os dias, mas que só nos apercebemos uma única vez a cada ano, e mesmo assim, pelas luzes, pela musica, pelas festas, fogos e folguedos e não pelo amor daquele que nos ensinou que é possível viver-se eternamente, se; amarmos uns aos outros. Mas, a cada dia se multiplica a artificialidade das luzes e vamos perdendo um pouco mais de nos mesmos e o Natal vem aí...

Airton Gondim Feitosa