82- CRONICANDO: FADA DO DENTE
Vou ser clichê, mas ainda não falei sobre isso (ou melhor, não escrevi, ou já?), mas a melhor fase da nossa vida é a infância.
Não vou entrar naquele debate psico-psiquiátrico-psicopático no qual sentimos falta de tudo aquilo que não temos mais. Não é isso. Não que eu não goste da fase adulta a qual vivo, mas a inocência da infância ainda me fascina.
Tenho um sobrinho de 6 anos (já já também estará sentindo falta da sua infância). Mikael Pedro. Uma figura. E acabou de perder dois dentes (caíram de forma natural. A idade de enfrentar valentões será daqui a mais seis anos “E QUE OS DENTES QUE TROUXER NAS MÃOS NÃO SEJAM OS SEUS”). E não deu outra. Enquanto a vó não afirmasse que a fada do dente os viriam pegar e deixar em troca algumas notas (moedas e bombons eram nos nossos tempos) ele não sossegou.
A vó não vislumbrando outra saída afirmou que a fada do dente viria assim que ele pegasse no sono. Correu para a cama. Escondeu os dentes debaixo do travesseiro e fingiu dormir a esperar da fada até que realmente dormiu.
Quando amanheceu o dia a vó percebeu que esquecerá de tirar os dentinhos do travesseiro. Mas só deu tempo de guardá-los. Quando ia colocar o dinheiro ele já estava acordado, sentado na cama.
- Eu vi!
- O quê você viu? (pergunta mãe, sua avó, desconfiada, pensando que Mikael a tivesse visto guardando os dentes).
-A fada.
-Ela veio?
- Sim.
-E cadê o dinheiro?
-Ela colocou no porquinho.
-Por quê?
-Eu disse que era mais seguro. Deu tchau e foi embora. A mãozinha dela é tão pequenininha...
Mae combinou de guardar todos os dentes dele como fez com a gente, (os meus e os da minha irmã). Geny, sempre desconfiou que fosse mamãe quem pegava nossos dentes e colocava uns docinhos. Eu, até hoje lembro o fatídico dia em que ela contou a verdade.