QUANDO SOMOS PAIS DOS NOSSOS PAIS

Quando você decide ficar em um lugar você precisa saber que vai perder e as vezes nada a ganhar.

Cuidar dos pais que estão envelhecendo é bem assim. Agente ganha por passar um tempo precioso com eles, mas vai sair dali com causas a resolver, surdo para não se machucar e em alguns casos sem saber para onde olhar depois de tudo.

A casa não é sua, o espaço não é seu, mas de todos. Ficará olhando para uma parede doida para trocar a cor, mas ela não te pertence, mesmo você morando ali.

Abrirá a geladeira com vontade de colocar nela sua identidade, mas não é sua. Mesmo que você também a deixe com algumas coisas.

Ouvirá sempre que a casa não é sua, então não tire os entulhos no cômodo ao lado, mas se encher demais os irmãos vão dizer que você não cuida disso e impressionante, eles vão tirar tudo e nada vão falar. Essa parte é cômica e bom demais. O serviço feito e você de fora só olhando.

Você vai sorrir demais e se divertir vendo seus pais contar como foi sua infância, como erraram e acertaram ao criar você. Vai saber seus namoros, paixões e medos, dores e fragilidades que jamais imaginou que eles tivessem.

Vai conhecer o filho mais querido, o que sabem seu futuro, de qual eles tem medo e que achavam que ia ficar sozinhos até morrer.

Conhecerá como veem os netos grandes, como os desejaram e como doe saber que até eles já cresceram e se foram sem olhar para trás.

É uma experiência diferente, impressionante mas muito desafiadora. Estará no meio de discussões sem cabimento, sorriram no almoço porque eles não conseguem ficar sem cutucar o outro e passará as noites levantando com cada barulho a mais.

São dias, meses e anos vendo seus pais envelhecer, perder a visão o sabor por coisas e terá o prazer de os conhecer como nunca antes.

Cabe aproveitar, aprender e não dar ouvidos ao que dizem sem vice por perto, mas ter apenas a certeza que está fazendo o seu melhor.

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