Consciências XXI

Para sempre Sylvio

Me lembro do dia em que prometemos preservar nossa amizade. Foi em 7 de setembro de 2018. Falamos com os olhos marejados, nos abraçamos, como se estivéssemos nos despedindo. Mas foi apenas um novo começo. Então, foram-se esses primeiros anos de convívio: de descobertas, fascínio, conflitos, de idas e vindas, das muitas viagens que fizemos, com o seu amado e sua querida mãe. Veio a maturidade da relação e mal sabíamos o que viria pela frente. Veio a eleição do mal, no final do mesmo ano; um 2019 de resiliência, tentando suportar a destruição de um país por perversos, não bastassem os seus quinhentos anos de sofrimento e crueldade. O fechamos mais calmos, fortes, esperançosos por uma próxima década de superação. Fomos pegos de surpresa por uma doença maldita que parecia distante, até invadir nossas ruas e se transformar em nossa angústia cotidiana. Sua mãe faleceu em 2021, inesperadamente, apesar dos seus mais de 90 anos. E mesmo com toda luta empenhada pelo seu companheiro para salvá-lo da tristeza e da culpa, Sylvio se foi no dia 6 de fevereiro, num domingo nublado e triste de verão.

Mesmo com todos os seus monstros, no ápice da depressão, seu olhar doce e tímido, e seu carinho por mim, nunca morreram.

Agora, ele se tornou parte das minhas lembranças mais tenras, das nossas confraternizações, de sua generosidade comigo.

São tesouros preciosos que guardarei no fundo do meu coração, enquanto eu viver.

Obrigado por ter me aceitado em sua vida, Sylvio, meu querido irmão de alma!!