Minha avó
Os olhos da minha avó, afundados nas órbitas enrugadas pelas pressões e sofrimentos da vida.A imagem que eu tive das igrejas, era a imagem desta avó, séria, na penumbra das solidões em paz, escura quase triste. Em seu quarto o ambiente em que se rezavam as novenas semi-escuridão, uma solitária vela iluminando parcamente as senhoras que rezavam.Quem puxava a novena era a mais velha das velhas amigas de minha avó vozes repetitivas em italiano a minha incansável curiosidade infantil espiando por um fresta da porta.
Estranho o movimento de minha avó, repetindo acreditava a ladainha das novenas balançando o corpo ao ritmo de um andarilho, ouvia as vozes uníssonas, mas a voz de minha avó não combinava com o coro amiudei os olhos para seus lábios e percebi, surpreso ela não repetia a novena murmurada, monótona e monocórdia, ela entoava sem som a oração dos ancestrais que renegara e agora a renegavam, “Shema Israel....."
Carlos Said
Trecho do livro Divagações cotidianas...em termino até dezembro...espero.