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POR QUE NEYMAR NÃO BATEU O PÊNALTI NAQUELA DECISÃO? (um estudo antropológico)

 

    “Todo brasileiro é um técnico de futebol frustrado”

                          (Luís Fernando Veríssimo)

 

 

   Nota preliminar:

 

   O presente trabalho surgiu a partir de um bate-papo que eu tive com o meu melhor amigo, o Bruno, em função do “desastre” ocorrido com a nossa Seleção Brasileira recentemente. Este meu grande amigo é formado em Filosofia e, ao que eu diria, procura aplicá-la nos eventos temporais os quais vivemos, não se limitando apenas em "lecionar Filosofia".

 

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   Convido mais uma vez o (a) leitor (a) a fazemos uma reflexão do que nasceu de nossa prosa, a qual tentarei repeti-la aqui. Vamos lá então?

 

   UMA PEQUENA INTRODUÇÃO

 

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   Tomo a liberdade para fazer a todos uma pergunta:

   O que será pior para um jogador de futebol numa partida decisiva de Copa do Mundo:

   Marcar um gol contra ou perder um pênalti?

   Bem, mas para perder um pênalti faz-se preciso... tentar (ou querer) batê-lo

 

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   E então! Você concorda com o raciocínio daquele que foi um dos maiores ídolos do Corinthians, Marcelinho Carioca, quando disse: “Os pênaltis só servem para expor os grandes jogadores e consagrar goleiros desconhecidos”?

   Pode ser que sim, pode ser que não! Ou, na sua opinião ele se equivocou redondamente (como no formato de uma bola de futebol) no que disse?

   E tomo agora a liberdade de lhe fazer outra pergunta, a desafiar se também concorda ou não com o parecer do lendário jogador alemão Franz Beckenbauer: “Não existem jogadores brasileiros ruins”? Será?!

 

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   Pois bem, você concorda com ele ou não? Ou será que ele cometeu o erro da “generalização”, ou, então, disse assim por ser um apaixonado pelo nosso futebol?

   Bem, a verdade é que o Brasil não é mais, certamente, o país do futebol (conforme há tempos atrás assim [dele] tanto se dizia). E a pergunta que se faz é esta: o que aconteceu com nossos jogadores?

 

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   O Brasil! Ah! Pode ser, sem dúvida, o “pais do carnaval”, mas do futebol infelizmente, perdeu este título. Ao que melhor se dissesse que o Brasil é "um dos países do futebol" (por ser tal esporte uma “paixão internacional). Porém, não é mais “o país do futebol”. Oh! sem dúvida que não é mais, não.

 

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   Bem, certa vez um presidente do Corinthians, Vicente Matheus, disse assim: “Não queremos jogador pé-de-bagre no time”. Oh! será que hoje não é muito o que se vê na Seleção Brasileira? Na verdade, atletas estilosos apenas, esculpidos pela equipe de maquiagem da delegação, mas sem aquela “raça” dos jogadores d’outrora, e, assim, mais preocupados com a “imagem” do que em mostrar um bom futebol!?

 

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   E, mais uma vez eu deixo a palavra com Vicente Matheus no que ele afirmou: “Jogador tem que ser completo, como o pato, que é um animal aquático, e gramático”. Ou seja: se querem ficar bonitos na fita, que fiquem então, mas, com a condição de “jogar bola” e exibir um futebol que nos excita tal como se estivéssemos assistindo... a um picante filme pornô.

 

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Isto é, um futebol que não faz dormir no sofá da sala a quem o vê pela TV. E agora eu me recordo das palavras de Jorge Valdano, atacante argentino: “Todo time que trata bem a bola, trata bem o espectador”.

 

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   Bom, como vocês já devem ter reparado estou me amparando em vários nomes do universo futebolístico (entre atletas, escritores, jornalistas, cartolas, etc). Contudo, há quem seja também um severo promotor a dizer mal do futebol. E certamente Lima Barreto se equivocou no que um dia afirmou: “Não acredito que um jogo de bola e, sobretudo, jogado com os pés, seja capaz de inspirar paixões e ódios”.

 

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    E na sua postura com relação a este esporte eis que completou: “Combaterei sempre o tal do futebol”. Ó meu querido escritor, desculpe-me contradizê-lo, mas o futebol é inegavelmente uma das maiores paixões no planeta Terra. E com relação à sua posição sobre o futebol, provavelmente você devia ser "um cara" bem chato, insuportável, não? Bom, "abafa o caso", como se diz.

 

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   INDO PARA O ASSUNTO EM QUESTÃO

 

   Será que a bola procura o artilheiro conforme reza um ditador popular? Mas, e quando o artilheiro se esquiva da bola, como é que fica, então?

   Nota: Usarei da liberdade literária de escrever, onde utilizarei a alternância entre prosa e verso. A minha intenção é a de não impactar o leitor quanto ao tamanho do texto. Levando-se em conta o fato de que o brasileiro, de uma forma geral, não gosta muito de ler! Bem, mas ficamos entendidos?

 

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   Ano de 2022                                                                                                                    

   Ano da Copa do Mundo da FIFA realizada no Catar

   Em sua vigésima edição deste campeonato desportivo

   Onde o Brasil foi eliminado pela Croácia nas quartas de final

   (numa decisão por pênaltis)

   Do tempo normal a que terminou empatado por 1 a 1

   (faltando poucos minutos para o seu final [após a prorrogação])

   No que tudo precisou ser resolvido pelas cobranças de penalidades

   Oh! Há quem diga que “pênalti é loteria”

   Será?!

   Embora eu, particularmente, não acho

   No que eu penso que faz-se preciso haver treinamento, concentração, técnica, calma...

   Além de planejamento, organização...

   Como também a sequência dos que irão efetuar as devidas cobranças

   No que, de certa forma, poderá repercutir na mente dos que irão cobrar posteriormente 

   Sendo no que eu quero [aqui] entrar em meu raciocínio

   Bem, a verdade é que como dizia o grande cineasta norte-americano Spike Lee:

   “É impossível escrever um roteiro mais emocionante do que um jogo de futebol”

   Onde eu tomo a liberdade em completar seu pensamento:

   “Principalmente quando a partida caminha para uma decisão por pênaltis”

 

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   UMA PERGUNTA INTERESSANTE

 

   Em função daquela partida, será que os jogadores treinaram cobranças de pênaltis, ou acreditaram que o jogo seria resolvido no tempo normal dos chamados 90 minutos? 

   Aqui eu me lembro da final do Campeonato Brasileiro em 1977, em que o Clube Atlético Mineiro foi derrotado pelo São Paulo (em pleno Mineirão), num jogo que terminou empatado em seu tempo normal, onde precisou ser realizada a cobrança de pênaltis.

   Nota: No devido campeonato o Galo ficou sendo vice-campeão brasileiro invicto. Ou em outras palavras: não tinha perdido nenhuma partida durante o torneio. Uma frustração sem igual. E aqui cabe saber que o torneio naquela época não era feito a partir de “pontos corridos” (conforme é realizado atualmente).

 

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   Mas, uma verdade que deve ser sabida (e que foi revelada) é que o Atlético Mineiro não havia treinado cobranças de pênaltis. Um fato relatado pelos próprios jogadores anos depois. E, então, fica aquela pergunta: por que não treinou? A resposta: Acredito porque foi traído pelo “pecado da presunção”, de que iria levar a taça na raça, isto é, durante os minutos do jogo em seu tempo normal (talvez, justamente pelo fato que não tinha sofrido nenhuma derrota no período de todo o campeonato). Todavia, oh! só quem viu é que sabe o quanto o Galo foi "depenado" naquela disputa de pênaltis. https://www.youtube.com/watch?v=Y_ZM5qg2LUI

   Aliás, voltando à Seleção Brasileira, o “pecado da presunção” e de contar com o ovo antes da galinha foi (creio eu) não só dos jogadores e da equipe técnica da Seleção Brasileira (nesta Copa) como também da grande maioria dos brasileiros. Estávamos preocupados com quem iríamos jogar a partida seguinte.

   Bom, e eis que nest’hora eu me lembrei de dois conhecidos conselhos de Cristo:

   O primeiro: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã” (Mateus 6:34)

   E o segundo: “Todo aquele que se exalta será humilhado” (Mateus 23:12 e Lucas 14:11)

 

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   Vou ser mais direto:

   Todos estavam mais preocupados em saber com quem o Brasil iria jogar, se contra a Holanda ou a Argentina, do que propriamente contra a Croácia (no presente jogo). Ou seja, quase todo mundo acreditava que o Brasil iria eliminar a Croácia (passando, portanto, para a fase seguinte). E, certamente, tal credo estava também na cabeça dos nossos jogadores.

   Ah! meu amigo (minha amiga), o futebol globalizou. Será que até hoje não se percebeu? Em que tempo alguém acha que está? E exemplos não faltaram nesta Copa, onde muitos "gigantes" fizeram as malas e foram embora bem antes, tais como Alemanha, Espanha, Portugal, Uruguai, Inglaterra. E vale lembrar que a Itália já é a segunda vez seguida que não participa d’uma Copa do Mundo, esta que é tetracampeã do mundo (1934. 1938, 1982 e 2006).

   É isso aí: Já foi o tempo em que seleções africanas e asiáticas voltavam p’ra casa mais cedo, destas que eram consideradas um zero à esquerda no futebol mundial. E eu digo que isto é bom porque dá mais graça à competição.

 

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   Bom, mas, retornando à pergunta (ou às perguntas):

   Será que os jogadores da Seleção Brasileira haviam treinado cobranças de pênaltis?

   Será que havia uma seleção prévia na sequência de quem iria bater? Ou será que tudo foi resolvido na hora das cobranças?

   E nest’hora alguém poderia me jogar na cara:

   - Mas a ordem dos fatores não altera o produto!

   Ao qu’eu lhe responderia:

   - Neste caso (na hora das cobranças de pênaltis) poderia alterar, sim, no que poderia afetar positivamente na mente dos outros (que posteriormente iriam bater). Mas sempre lembrando: desde que houvesse os requisitos do que antes foi dito: técnica, concentração, calma e, sobretudo, treinamento. Definitivamente pênalti não é loteria (ainda que muitos dizem).

 

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   Bom, e a pergunta que não quer calar: Por que Neymar não bateu pênalti naquele jogo?

   Estimado (a) leitor (a), peço-lhe a gentileza em me acompanhar neste meu raciocínio. Tomei a liberdade de fazer um estudo antropológico no que iremos tratar. Mas desde já eu sei que não sou o “dono da verdade”, embora eu penso que você possa achar interessante no que [aqui] colocarei: Alguém já percebeu que o ser humano é, em sua constituição mental, um “idólatra”? Sim, em cada espaço humano tem-se um “deus” (ou, melhor seria dizer, um “ídolo”). O tempo mental humano se não for “divino” é, então, “idólatra”. Ou, para que melhor me entendam: Enquanto não acharmos Deus (o verdadeiro Deus, é claro), nos apoiaremos  em “ídolos”, “mitos”, “divindades” [surgidas no tempo e por nós criados]. E isto a que é dito é bíblico, como que um chip inserido na alma de todo mundo: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus?” (Salmo 42:2)

 

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   Ao que torno a dizer: Durante o tempo em que aqui estivermos até que não tenhamos encontrado Deus estaremos adorando “ídolos”. Basta lembrar a passagem do Antigo Testamento em que os hebreus fizeram um bezerro de ouro dado ao fato de que o Deus verdadeiro estava demorando demais para chegar.

 

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   Ou seja: o ser humano "precisa adorar" alguma coisa! Isso mesmo: São nossas tão significativas imagens representativas e que nos dão conforto e segurança. Ah! Nossos amados deuses, heróis, fetiches e por nós tão cultuados! Como seria nossa vida sem eles? Alguém seria capaz de imaginar?

 

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   Pois é! Difícil imaginar um espaço sem nossos amados deuses...! Ao que “precisamos” deles, então. E em todos tempos e espaços existiram (e existem) os seus. Deuses da Mídia, das artes, dos esportes, da política, etc.

   Os tempos mudam.... e co’ele seus “deuses”

   Ontem... um Pelé

   Depois... um Ronaldo Fenômeno

   Hoje... um Neymar

 

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   E n’outro lugar...

   Ontem... um Diego Maradona

   Hoje, um Lionel Messi

   E mais em outro espaço

   Ontem... um Eusébio da Silva

   Hoje... um Cristiano Ronaldo

 

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   E por aí vai...

   O que não pode é ficar sem nenhum... “deus” (a ser inadmissível)

   E olha lá qu’estou falando somente dos "venerados do mundo do futebol"

   Não mencionei (das terras brasileiras) um Ayrton Senna... das corridas de Fórmula 1 aos domingos

   Ou mesmo um Guga (Gustavo Kuerten)... do tênis

 

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   Mas, retornemos à nossa reflexão com relação ao Neymar. E voltemos à pergunta: Por que ele não bateu o pênalti naquela decisão? Ou, melhor dizendo, por que ele não foi um dos primeiros a realizar a sequência das cobranças? O próprio técnico croata, Zlatko Dalic, disse depois (em entrevista coletiva) que não teria deixado Neymar ser o último a cobrar o pênalti naquela decisão. E nas palavras de Zlatko Dalic: ''Eu usaria ele”.

 

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   Pois bem, na prosa que eu tive com meu amigo Bruno, nós chegamos à conclusão de que naquela hora já havia “batido o martelo” de que "a vaca foi p'ro brejo", isto é, de que tudo se havia perdido. E de que não seria bom que o nosso “deus” (no caso, Neymar), levasse co’ele a culpa daquela tragédia anunciada. E aí colocou o seu peso nas costas de outros, principalmente no coitado do Marquinhos, já que este desperdiçou a última cobrança.

 

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   Oh! Mas, que ninguém seja um implacável promotor de justiça. Afinal, como já disse alguém “pênalti não é sinônimo de gol, porque, se fosse, nem precisaria ser cobrado”

   Bom, fato é que Neymar não bateu o pênalti, e todos ficam perguntando o por quê. Será que foi o técnico Tite que o barrou? Se foi, então com razão dizia o “baixinho Romário”: “Técnico bom é aquele que não atrapalha”.

 

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   Ou será que foi o próprio Neymar que não quis bater, por medo de que, se viesse a perder, a sua “divindade” poderia acabar? Afinal de contas, ele é bem vaidoso (assim como muitos outros).

   Bem, segundo o meu amigo Bruno, o Neymar é que não quis arriscar, justamente para não cair de seu pedestal. Será? Pode até ser! Talvez no Dia do Juízo Final esta verdade venha a ser revelada (para matar a curiosidade do que houve naquela hora)!

   E neste instante eu me lembrei do que dizia Armando Nogueira: “O jogador vê, o craque antevê”. Pois então, se tal profecia for certa, então tê-lo-ia Neymar “pré-visto” que não iria acertar? Ah! Vá la saber?! Sei lá! Acho que vou até parando por aqui! 

 

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   Mas, estão entendendo aonde eu quero chegar? Na verdade, eu e o meu amigo, o Bruno. Já tem umas 3 edições de Copa do Mundo em que o Brasil praticamente só conta com um nome (a ser o próprio Neymar), que como dizia Faustão (ainda quando estava na Globo): “A Seleção Brasileira é a seleção de um homem só!” 

 

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   Entenderam o nosso raciocínio, sobre a questão dos ídolos [que não podem, de form'alguma, morrer]? Por enquanto o Neymar é o "nome" do futebol brasileiro (a ser o que nos representa). E se ele perdesse aquele último pênalti seria como deixar cair um ídolo de barro (ao que se espatifaria no chão). E o Brasil ficaria sem seu “ídolo”!

   Sacaram? Talvez, por isso o técnico Tite preferiu não arriscar, a fim de manter a “divindade” de nosso querido “camisa 10”, que, afinal de contas, não é qualquer um que é digno dela. Ou será que foi o próprio Neymar que não quis bater? Sei lá! Melhor deixar p’ra lá! Um dia, quem sabe, iremos saber.

 

   CONCLUSÃO DO PRESENTE ESTUDO

 

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   Existe Deus... e deuses

   Sendo que a diferença entre Deus e deuses

   ... é como um antibiótico e um analgésico

   Sabendo-se que, n'um processo infeccioso, o antibiótico é que cura

   ... e o analgésico apenas ameniza a dor

   Em outras palavras:

   Deus [realmente] salva

   Enquanto os deuses só nos dão... fantasias

   (Ou a ilusão [temporária] de cura)

   Melhor preferir a Deus

   E darmos adeus aos nossos deuses!

   Alguém consegue?

 

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   Oh! Morre, então, o herói... [do povo]

   Em seu último campo de combate

   Ou mesmo n’arena em que [nela] vaidosamente s’exibia 

   ... para a plateia que alucinadamente o ovacionava

   D’àquela que o via como um deus!

   E, assim, finda-se, pois, su’história

   Desta que o tempo inexoravelmente não deixará mais em nenhuma memória

   E, então, aquele amado mito e sua lenda foi para sempre... embora

   Quem haverá de ser... o próximo "deus"?

 

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16/12/2022

 

IMAGENS: INTERNET

 

MÚSICA: “É UMA PARTIDA DE FUTEBOL” - SKANK

https://www.youtube.com/watch?v=4gqeHu7r5dQ

 

 

Estevan Hovadick e Bruno Chaves
Enviado por Estevan Hovadick em 16/12/2022
Reeditado em 16/12/2022
Código do texto: T7673187
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