A Praça

A Praça.

Diná Gomes Fernandes.

É da Praça Coronel Zeca Leite que lhes falo. A praça do anfiteatro, da fonte luminosa, da água que num sobe e desce musicalizava o ambiente no seu chuá...chuá..., dos peixes coloridos que encantavam as crianças, do pastel gel, dos acarajés, das pipocas, dos cachorros-quentes, dos hippes, de tantas coisas mais as quais deixa m no ar um misto de alegria e paz transmitidos a todos que por ali passam.

A praça dos jovens, que no final de tarde, ao voltarem das escolas, marcam encontro nos quiosques para um bate-papo informal, sem nenhum compromisso, talvez para se esquecerem das chatices das provas, das aulas não agradáveis daquele dia e comentários outros como candinhas de colegas além de um ligeiro namorico de alguns, aproveitando o final de tarde que já anuncia a noite.

A praça do meu texto hoje é diferente da praça cantada por Ronie Von, já não é mais a mesma, já não é mais o espaço encantado onde avó e netos passavam momentos descontraídos e alegres, eles pulando de brinquedos em brinquedos no parquinho, andando livremente pela areia, contando os peixes, observando as suas borbulhas, construindo assim, mais um capítulo da sua história de infância.

A praça está morrendo. Como explicar aos pequeninos tamanha destruição? Por que não conservar o que tão bem faz às crianças e mesmo aos adultos? Sinceramente, me faltam argumentos para a justificativa, principalmente para dar às crianças.

Tudo começou um certo dia em que ao chegar no parquinho haviam retirado toda a areia e ao ser questionada pela criança lhe respondi que aquela areia estava velha e que iriam colocar uma nova.

Os dias se passaram e eis que lá estávamos nós de novo. A areia nova não chegou, os balanços, o cabo-de-aço, a escorregadeira, as gangorras, o cavalinho estavam todos destruídos. Não tive explicação para aquelas crianças que estavam comigo e queriam saber de tudo, e uma, na sua inocência, percebendo o meu descontentamento e desejando me alentar foi prontamente dizendo:

_ O vereador vai mandar consertar.

A afirmativa daquela criança me deixou perplexa e ao mesmo tempo confusa. Confesso que não estava à altura de entender a sua fala. Será que o vereador para ela tem o significado de um político? um prefeito ou governador? Quem sabe? A minha postura foi ratificar o que ela disse para que não morressem a sua crença e esperança.

Fico torcendo que “o vereador” da cabecinha da minha criança recupere o parquinho, faça movimentar a fonte luminosa e reveja, enfim, a nossa praça, os jardins, os peixes, as cestas de lixo e tudo que precisa ser refeito para que possam continuar vivas a crença e a esperança das crianças e todos nós possamos cantar em uníssono como Ronie Von “A MESMA PRAÇA..."

Diná Gomes Fernandes
Enviado por Diná Gomes Fernandes em 06/12/2007
Reeditado em 06/12/2007
Código do texto: T767475