Texto jurídico-futebolístico

Da série: Coisas da Ilha.

À jusante da praia de Itamoabo, em Ilha de Maré, há o vilarejo de Santana (uma mini capital) e, entre os dois, após uma ladeira demoníaca, há um campo de futebol.

Quase morto, após subir a ladeira, parei para ver o que pensei ser um baba de confraternização, enquanto tomava fôlego e amaldiçoava o desgraçado do parafuso que quebrou na última volta de aperto e ensejou minha ida ao local.

Fôlego semi restaurado, presenciei a seguinte cena:

Após um lançamento em profundidade, o lateral deu uma voadora no meio do

e um infeliz que, se um dia sonhou ser ponta esquerda, não sonha mais. Foi um troço de fazer Junior Baiano parecer ter a delicadeza de uma bailarina do Bolshoi.

Indignado, alguém com pose de capitão foi pra cima do juiz:

"Chupandélio, porra! Cadê o cartão?"

"Fique na sua que quem marca minha porra sou eu" - Respondeu o árbitro enquanto anotava algo no ismarti fone.

"Quando foi eu você meteu logo amarelo!"

"Tá tudo anotado caralho!!! Não esquente seu cu com rola fina!!!!" Sentenciou o árbitro, encerrando a questão.

Conhecimento dos fatos, liturgia, ciência jurisprudencial, dosimetria aplicada e autoridade jurídica! O futebol de Ilha de Maré na vanguarda do direito!!

Chupa STF!!!

Nairson Luiz Santos
Enviado por Nairson Luiz Santos em 23/12/2022
Reeditado em 29/12/2022
Código do texto: T7678481
Classificação de conteúdo: seguro