RECORDAÇÕES DE NATAL

Eu me lembro das manhãs de Natal dos tempos antigos. Não havia muito luxo, uma casa simples e tomada pelo sol, eu sempre era acordada por vovó me dando feliz natal e celebrando a vida do pequeno menino Jesus.

A sala era enfeitada e as luzes de Natal resplandeciam encanto e magia por todos os cômodos. Meus olhos inocentes fitavam o presépio e minhas mãos pequeninas acariciavam a Virgem Maria.

Me lembro com saudosa alegria da mesa farta e dos copos tilintando ao meio-dia. Era um brinde feito com suco de laranja, mas eu apenas guardei a imagem dos sorrisos que vi e do calor natalino de uma família feliz preenchendo cada canto meu.

As comidas eram feitas no dia anterior e a véspera era sempre igual, fogão cheio e cozinha bagunçada. Tudo era preparado para o dia seguinte para a festa do nascimento.

Por vezes alguém me segurava enquanto eu ouvia os passos apressados do Papai Noel, mas toda vez que eu corria ele já tinha ido embora. Entre os embrulhos de presente eu recebia beijos e abraços apertados.

Nunca me esquecerei do calor dos braços que me envolviam ou do afago do corpo que me embalava.

A gente cantava, comia e depois observava o passar do dia com cansaço e devoção por mais uma data comemorada.

Todos os anos era assim, até que um dia alguém errou o roteiro e não mais acordei numa manhã de Natal com uma gentil mão senil estendida me desejando os mais belos votos natalinos. Dessa vez estava só, caminhei pela casa, mas as luzes e o presépio já não eram mais os mesmos. E nem a mesa posta para os brindes do meio-dia.

Tudo estava mudado a alegria cessara e dera espaço para uma saudade que fere a alma cada vez que me lembro de um rosto, de uma voz...

A tristeza me visita todos os dias, mas no Natal ela bate mais forte e as lembranças jorram pelos olhos.

Nunca mais será como fora e só me restam as lembranças dos natais mais lindos que já vivi. Quando minha inocência infantil me permitia ser feliz sem o peso do luto e da ausência sentida por alguém.

De fato, as coisas mudam, mas nós não mudamos com elas e continuamos a desejar voltar no tempo para reviver só mais uma vez aquela doce recordação.

Josih Romano
Enviado por Josih Romano em 24/12/2022
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