Coisas do dia a dia

Sempre digo que, para sentir e se ter mais noção da realidade, é preciso estar nas ruas; pois, é assim que nos deparamos com o que acontece no dia a dia. Hoje, algumas horas atrás, foi um bom termômetro de situações cotidianas e da variedade de vários aspectos entre as pessoas. Peguei o ônibus para atravessar a ponte Rio-Niterói e, cerca de dois quilômetros antes de chegar na 'Central', na descida dela, o ônibus parou. Uma pane que, pelo que se notou, se deu por conta da bateria, ou algo no motor; não saberia dizer com exatidão o motivo do problema. A partir disso, começou aquele certo alvoroço, de uma minoria, a reclamação de outros e a compreensão da maioria. Que de maneira geral, faz piada de tudo e, apesar das dificuldades, encara os problemas com ótimo humor; como foi o caso de hoje. Incluindo duas mulheres que estavam juntas, também, no fundo do ônibus, e com largo sorriso no rosto disseram que, qualquer coisa, passaríamos o Natal por ali mesmo. O motorista anunciou que um novo ônibus viria do terminal e quase todos compreenderam, afinal, como ele disse, não tinha culpa e, evidentemente, também não gostaria de estar naquela situação. Exceto, quase que exclusivamente, uma senhora de uns setenta anos que reclamara até a exaustão. Com o ônibus parado, pude fazer algo que adoro, observar; e de mais chamativo posso ressaltar uma moça de uns vinte e poucos anos, que estava com um vestido verde e de tênis. Aliás, a beleza que tinha compensava a falta de simetria estética para se vestir. Bom, digo mais por conta do tênis nada ter a ver com um vestido. Outra moça também me chamou a atenção, não por conta de beleza, embora tivesse seu charme, mesmo com o rosto tomado de espinhas e acnes, e sim por conta de uma tatuagem; que era na parte de trás de seu braço direito. O desenho em questão era uma carta do baralho de 'tarot'; a décima sétima carta para ser mais exato; que se chama 'a estrela'. Onde de imediato me chamou a atenção, pois, fazia tempo que não me deparava com algo relacionado a isso; coisa que, na curiosidade jovial, me informei bastante na adolescência. No mesmo braço, essa moça tinha uma - bela - 'Mandala'; só que no antebraço. Porém, o mais curioso foi o casal que estava do meu lado que, após algumas palavras trocadas com o ônibus em andamento, aproveitaram a parada não-convencional para me fazer um pedido inusitado; se eu conseguiria 'puxar' o processo dele na internet. Me explicaram, brevemente e sem muitos detalhes, que era por conta de uma passagem pela polícia. De imediato, surpreso, me recordei do 'Jusbrasil', onde pelo celular da esposa, tentei achar o nome dele; já que eles não sabiam o número do processo e pelo nome dele seria difícil, pois, ele só tinha um sobrenome de registro e juntando com o nome, era muito comum e havia vários com o mesmo nome no 'site'. Ele tinha em torno de cinquenta anos e ela entre trinta e trinta e cinco; e, diferente de várias outras pessoas que conheci, que já passaram por algum sistema prisional, ele não tinha nenhum semblante de maldade. Muito pelo contrário, aparentava ser uma pessoa tranquila e o motivo pelo qual responde algum processo, possivelmente, deve ser algo feito por algum impulso. E, confio na experiência que possuo em torno da percepção de algo que conheço com propriedade; além de atestar positivo para o meu 'radar de áurea humana'. Na parada, ofereci um chocolate para cada um e conversamos até antes do ponto onde desci. Antes de levantar, falei da importância de estar limpo, na questão ampla da coisa, e do fato de tentar sempre fazer o bem, mesmo que, às vezes, não seja conseguido; e evitar fazer o que é ruim, mesmo quando a tentação para isso seja grande.

Certas situações acontecem quando se está lidando com a imensa diversificação que compõe a nossa sociedade. Diferenças em todos os aspectos que compõem o que pode ser definido como 'ser humano'. Onde mesmo que não se entenda, ou não concorde, se faz necessário dialogar para, no mínimo, haver entendimento.

Edu Sene
Enviado por Edu Sene em 24/12/2022
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