UM ANO PARA ESQUECER

O ano de 2005 chegava ao fim, e o Natal foi passado ao lado de minha esposa num quarto de hospital, onde ela passava por mais um momento crítico, com o avanço da doença que a acometia, e foi o primeiro em muitos anos, que não passei junto aos meus familiares, em minha cidade Natal. Momento difícil em que tive que ser forte, engolir o choro e aguardar o momento de deixar o hospital, o que aconteceu no dia 30, às portas de 2006.

Começou o ano, mal nos recuperamos do longo tempo no hospital, e já no meio janeiro veio a primeira pancada: meu cunhado faleceu num acidente de carro, deixando minha irmã viúva com três filhos novos.

O tempo corria, e não demorou para nova pancada: em junho minha sogra faleceu, acrescentando um pouco mais de dor à minha esposa, a esta altura já demonstrando sinais de que não suportaria o sofrimento por muito tempo.

Numa sexta-feira à tarde, no meio do mês de julho, recebi informação de que meu chefe queria conversar comigo, numa sala que não era a dele, e sabedor de que algumas pessoas haviam sido demitidas naquele mesmo dia, já fui imaginando o que me esperava e foi confirmado: minha demissão !

Fui desligado num momento em que passava por extrema baixa estima, em que sequer tive forças para saber as justificativas, aceitei a situação e só me lembro que pedi a ele que considerasse a possibilidade de uma extensão anormal ao tempo de utilização do plano de saúde, porque sabia que seria crucial naquele momento, para minha esposa.

Vivíamos um momento de expectativa pela proximidade do casamento de minha filha, marcado para o dia 13 de outubro, e com o estado de saúde de minha esposa piorando, já me questionava, se ela estaria viva, a tempo de ver a filha no altar.

O casamento aconteceu, mas sabe-se lá com que forças ela suportou o momento, tanto que até hoje não sai de minha cabeça, de que ela teria feito um pacto com Deus, para que a deixasse ver a filha casando.

Oito dias depois do casamento ela voltou a ser internada, em pouco tempo entrou em coma e, na sexta-feira da semana seguinte, dia 26 daquele outubro de 2006, ela faleceu, pondo fim ao sofrimento de anos, por conta de um câncer.

O ano estava chegando a fim, e eu, depois de tanta pancada, fiquei totalmente perdido, sem a menor noção de como resolver a vida. No mesmo ano perdi um cunhado, minha sogra, meu emprego, minha filha saiu de minha casa e a esposa havia partido.

O primeiro Natal daquele ano, muito próximo da partida dela, foi muito dolorido suportar, mas nos seguintes, se já havia alguma leveza, para mim sempre faltava uma peça no jogo, e nunca mais teve o mesmo sentido de união e alegria familiar, algo que até hoje não consegui superar e me marcou para sempre.

A chegada do período de festas de fim de ano, sempre me incomoda e fico desnorteado e torcendo para que passe logo, deixando um momento estranho para trás, e voltar o foco ao ano novo para tocar a vida.

Fui resolvendo minha vida aos poucos, já que não dava para ficar reclamando e baixar a cabeça, e logo veio o primeiro neto, o que tomou muito de minha atenção, e contribuiu demais para amenizar a dor da perda. Também passei num concurso público, onde trabalho até hoje, além de "arrumar" uma nova companhia, e para coroar os tempos novos, chegou o segundo neto, para tomar a atenção do vovô.

2006: que ano !

...

Segue a vida ...!

Dezembro de 2022

ZAINE JOSÉ
Enviado por ZAINE JOSÉ em 25/12/2022
Reeditado em 25/05/2024
Código do texto: T7679572
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