Caminho sem volta

A transgressão, ainda que mansa e sutil, quando periódica, pode ser avassaladora e sem volta!

Percebi isso enquanto eu caminhava num passo lento, em sua direção. Não me preocupei em olhar para trás, só segui adiante, apenas por capricho meu... ou necessidade? Quis satisfazer meu ego e sentir o gosto, novamente, de ser adorada.

No início era apenas a autorização de ver-me. Só, de longe, sem toques nem trocas de palavras. Fingia eu que nem sabia que estava a me espiar. Isso me deixava cheia de vontades internas a ponto de um rubor quente tomar conta do meu rosto e não ter como negar qualquer emoção à tona.

Neste tempo eu lembrava como gostava de passar os dedos pelos meus cabelos lisos, sem pressa, fio a fio, só para senti-los escorrer. Era uma maneira de sentir-me, sei. Até aqui eram apenas lembranças. Jamais imaginei que seria um fato novamente, recente.

Passou a mandar recadinhos. Mensagens como bem entendesse. O objetivo é que chegassem a mim. Se alguém saberia ou não, seria uma consequência sem dano algum a você... já a mim... e eu não mensurei naquele momento.

Eu lia, relia e sentia cada palavra como um sussurro em meu ouvido. Proibido, quase sempre. E ainda assim era bom.

E foi sem planejar que nos encontramos. Inesperadamente insano, deliciosamente intenso. Ali aconteceu o ultrapassar do limite que eu mesma havia me imposto.

Além de qualquer perda que ali mesmo entendi que aconteceria, ganhei uma outra conquista: minha independência. Estava presa num replay infinito de absurdos insossos. Eu não gostava do beijo, do abraço, nem do enlaço previamente determinado por outros.

Me percebi além dele, de você; estava ali por mim. Uma vez liberta, como saberei o que virá? E não é essa a graça de ser independente? Sem rumo nem diretriz...Viver e não ter a vergonha de ser feliz! (Gonzaguinha)

Sheila Liz
Enviado por Sheila Liz em 26/12/2022
Código do texto: T7680048
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.