CASARÃO

Sentada em sua cadeira de balanço María Clara contempla o interior da casa e recorda das dificuldades e de tudo que foi aberto mão para que o sobrado fosse construído. Na época os filhos eram ainda crianças e o marido tinha muita saúde. Mas o tempo, encarregado de modificar os destinos, fez Maria Clara perceber que ao realizarmos nossos sonhos acreditando que as coisas serão para sempre, esquecemo-nos da finitude de tudo.

Primeiro foi a doença que levou o marido ainda jovem, depois os filhos casaram-se e seguiram seus caminhos.

O que hoje, muitas décadas depois, resta no casarão são as lembranças espalhadas por todos os cômodos . O corredor longo só não é maior que a saudades das risadas tão naturais da infancia, nem das discussões entre os irmãos que encerravam, muitas vezes apenas com um olhar do pai, que sentado a cabeceira da mesa da cozinha, tinha a altivez que impunha o respeito tão necessário.

Maria Clara a tudo observa, pensa na sua realidade e questiona-se até que ponto está atrelada a um passado distante e nebulento. E até que ponto as suas atuais necessidade encontram respostas dentro do casarão?

,

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 26/12/2022
Reeditado em 26/12/2022
Código do texto: T7680342
Classificação de conteúdo: seguro