reta final de um ano que transformou

caramba, hoje é o penúltimo dia do ano.

e que ano.

que ano mágico e louco com toda sua complexidade e beleza.

me despeço desse ano com a sensação de que passou rápido e devagar demais.

como pode em um ano eu mudar tanto?

é a reta final de um ano que me transformou, para não dizer algo pior.

definitivamente em janeiro eu não fazia ideia do que me aguardava nos meses seguintes, até chegar dezembro. nem sequer podia imaginar como eu cairia e iria me reerguer em 2022.

comecei o ano muito abatida ainda, me recuperando fisicamente e emocionalmente dos últimos meses de 2021, que havia exigido muito de mim, mas eu tinha esperança de que 2022 seria um ano melhor. sim, pode rir, eu estava muito iludida. poucas vezes eu me permito ser tão otimista, porque, quase sempre, eu me ferro. e, bem, eu me ferrei em 2022, mas fui forte também. mais do que em qualquer outro, eu amadureci mais ainda. esse ano foi a ponte para reconhecer e aceitar fragmentos de mim, que até então eu simplesmente não enxergava.

nesses doze meses eu encarei as minhas questões de um jeito diferente, tive tempo o suficiente para rever velhos hábitos e ter coragem para encerrar ciclos que eu tanto adiei.

apesar de tudo o que sofri, esse foi o ano em que firmei uma parceria comigo. passei tanto tempo em minha própria companhia, que eu pude me enxergar melhor. e, sabe, eu sou uma pessoa f*d@. as coisas que acontecem comigo, a forma como eu reajo, o quanto eu me preocupo em cuidar dos sentimentos alheios, me mostraram que eu não sou uma pessoa ruim, como um dia me fizeram acreditar. porque eu fui levada a pensar que não merecia ser amada, que era complicada demais, mas não é verdade. eu posso ser intensa, mas sim, tem pessoas que gostam de mim justamente por eu ser assim.

por isso, eu tive momentos incríveis ao meu lado e gostei ainda mais da minha solitude.

também nutri novas relações baseadas no afeto e no respeito e consolidei vínculos que não quero soltar mais. relações antigas foram restabelecidas e algumas foram perdidas novamente, ao que parece. aprendi a respeitar ciclos. alguns precisam ser fechados, enquanto outros começam.

fazendo um balanço, acho que me desesperei mais do que sorri, mas eu precisava sentir tudo o que senti. eu parei de ficar atropelando meus sentimentos e deixando-os para depois. e isso me fez bem.

é a reta final de um ano que me transformou, sem dúvidas. que me levou para um outro lugar da minha existência, que me abriu portas, em que fechei algumas janelas, em que descobri um novo jeito de “me pensar”.

por aqui, hoje, neste penúltimo dia do ano, um sentimento de gratidão por tudo que movi através da minha caminhada errante, do meu percurso por esse mundo louco. por aqui a sensação de que fiz o que deu e que pode não ser muito, mas estou orgulhosa. por aqui, a certeza que sempre tentei dar o meu melhor.

quando chego ao fim de um ano intenso como esse, é fácil olhar para trás e enxergar uma outra pessoa ali, com uma outra bagagem e um outro olhar… meu eu de janeiro e meu eu de dezembro não se reconhecem. parecem outra pessoa, e talvez sejam mesmo.

eu não fazia ideia de tudo que eu veria, de todas as decisões que eu tomaria, das tristezas que acumularia, das alegrias que se desvaneceriam rapidamente, dos momentos simples e singelos que se tornariam bonitas lembranças. de tudo o que eu ainda precisaria lidar e tentar superar.

quando o ano começa eu não faço ideia da grandiosidade que ele terá. mas sei reconhecer e agradecer por um ano que deixou marcas e aprendizados.

e aos pouquinhos eu vou soltando 2022… permitindo que vá tranquilo para a ampulheta do tempo da minha breve vida.

adeus, 2022.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 30/12/2022
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