O ônibus
O sol entra pela fresta da janela emperrada
Fecho os olhos para senti-lo inundar tudo dentro de mim
Abro os olhos e vejo o ônibus lotado de pessoas, muitas vazias
Uns jogando baralho pelo celular, outros com fone de ouvido no volume máximo
De repente, alguém passa pela roleta
E um olhar acaba se cruzando com o meu
Um olhar familiar
E milhares de coisas se passam pela minha cabeça
Surge sentimentos de alegria, embrulho no estômago e decepção
Por onde andou por todo esse tempo? Como vai no seu trabalho?
Se tivermos uma filha, o nome dela ainda será Clarice?
Ainda lembra de mim quando escuta aquela música?
Logo depois, chega o seu ponto
Você olha no fundo dos meus olhos
E vai embora
Me deixando cheia de dúvidas
Assim como fez da última vez.