O que fizeram com nossas crianças? Cadê-las, uai

O que fizeram com a nossa infância. Cadê as crianças, uai!

Carlos Alberto di Franco em 24/05/2021, com artigo intitulado de o “Fim da infância”, vaticinou que “A sociedade assiste, atônita, a uma surpreendente patologia comportamental: o desaparecimento da infância e a supressão forçada da inocência. O fenômeno, estimulado por certos programas da televisão aberta, é preocupante”.

Pois bem, de tempos que temos observados, e não é novidade para ninguém, a infância está desaparecendo como fase natural da vida.

Digo isso por observação no cotidiano, eis que já não mais defrontamos com crianças que eram parte da paisagem urbana de nossas cidades, sejam elas pequenas, médias ou grandes.

O que entristece, decepciona, frustra é a mudança de comportamento destes ‘pirralhos (as)’, pois estão sendo modelados para imitar os adultos de modo que estão criando estereótipos de seus ídolos.

Fácil constatar que, nestas fases de suas vidas, suas brincadeiras inocentes e próprio da idade foram sendo substituídas pela cena de meninas, desde sua mais tenra idade, dançando com requebrados sensuais, puro erotismo em suas inocências, com requebrados ‘na boquinha da garrafa’. E o pior, com o incentivo, alegria e participação dos pais, em especial a mamãe.

Outra constatação é que não mais perdem seus tempos com os desenhos animados inocentes, os Desenhos animados, marca de um passado não tão distante, mas que foram sendo substituídos pelo requebros das popozudas, guindadas à condição de ídolos e tiazinhas das crianças e adolescentes.

Tão comum eram as crianças, agregadas pelas demais das adjacênças, se reunirem na casa de uma delas, e todas deitadas, sentadas ao chão assistindo os famosos desenhos da época. As crianças estavam sob os olhos dos pais de maneira despreocupados.

E as brincadeiras de amarelinhas, petecas, esconde-esconde, carrinhos de rolimãs que tanto faziam a molecada se divertirem por horas na rua em frente de suas casas. Brinquedos, muitas vezes que tinham que ser confeccionados por eles mesmos e com redobrada satisfação e alegria.

Brinquedos que hoje foram substituídos na sua grande maioria por aqueles que são manejados e controlados por um controle remoto, com tecnologias avançadas, onde as crianças não mais brincam, não mais são sujeitos das brincadeiras, mas sim objeto dos brinquedos, pois basta um comando para que a engenhoca possa fazer suas peripécias e, então, só observam como meros espectadores.

A inocência infantil está sendo impiedosamente banida pela indústria do entretenimento, tudo em nome de uma pseuda orientação de que tais brinquedos os ajudam na sua formação e desenvolvimento motor, agilidade de pensamento, destreza no controle das engenhocas. Não mais fizeram do que simplesmente acabar com a infância delas, mas sobretudo iniciando um processo de empobrecimento mental das crianças.

Com o apoio das próprias mães, inúmeras crianças estão sendo prematuramente condenadas a uma vida "adulta" e sórdida. Privadas da infância, elas estão se comportando, vestindo, consumindo e falando como adultos. Cadê as crianças de antes, onde elas estão, o que aconteceu, pois só vejo outras que não mais se sabem se crianças ou adolescentes, uai. Mas o que de fato aconteceu para essa mudança tão radical

Pedagogos, estudiosos, tem se debruçado para a busca de causas a justificar essa radical mudança, esse ‘pular a fase de ser criança’, enfim encontrar causas para explicar o preocupante desaparecimento da natural fronteira entre a infância e a vida adulta.

É difícil acreditar que apenas diferenças sociais, níveis de renda ou quaisquer explicações socioeconômicas sejam suficientes para entender essa deformação social. Na verdade, a formação por etapas, que só se adquire na família, nos livros e nas escolas, foi substituída pelo "aprendizado" instantâneo e moralmente insensível da televisão.

Não se pode negar que a televisão é praticamente um membro da família na maioria dos lares do país. Muitos fatores contribuem para tal, tais como o número de horas que os pais estão fora de casa, o tempo que a própria criança tem livre, e mesmo os hábitos culturais de cada família determinam quanto tempo cada criança ficará exposta à programação diária dos canais abertos ou fechados.

Atualmente, não obstante as queixas de inúmeros telespectadores, em qualquer horário as crianças têm acesso aos piores quadros de violência e degradação.

A mídia, por ser um produto cultural, reflete a realidade da sociedade que a produz e gera grande impacto na mente da população infantil, influenciando na formação de sua personalidade. Sabemos que a criança hoje, independentemente de sua classe social, tem uma relação intensa com a televisão, sendo ela o principal veículo de entretenimento em muitos lares. Por outro lado, ao analisarmos a programação dos canais abertos, vemos que a maioria dos programas é destinada ao público adultoHoje, graças ao impacto da TV, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do que qualquer adulto de um passado não tão remoto.

Não é preciso ser psicólogo para que se possa prever as distorções afetivas, psíquicas e emocionais dessa perversa iniciação precoce.

Assistimos a um verdadeiro aliciamento infantil. As campanhas de prevenção da aids e da gravidez precoce batem de frente com inúmeros quadros da grade vespertina que fazem da exaltação das fantasias eróticas uma alavanca de audiência. A iniciação sexual precoce, o abuso sexual e a prostituição infantil, que, cada vez mais, ocupam espaço no nosso noticiário, são, insisto, o resultado da cultura da promiscuidade disseminada pela irresponsabilidade da mídia eletrônica.

É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como oásis seguro e excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras e fantasias sexuais com crianças e adolescentes. Reportagens denunciando redes de prostituição infantil, algumas promovidas com a cumplicidade ou até mesmo com a participação de autoridades públicas, crescem à sombra da impunidade, com om muito bem observado por Carlos Alberto di Franco em 24/05/2021, com artigo intitulado de o “Fim da infância”

Sem nenhum moralismo, creio, caro leitor, que chegou a hora de uma guinada.

Fala-se muito - e com razão - da corrupção que castiga a sociedade. Mas já não é possível ocultar a raiz do câncer que, lentamente, vai tomando conta do organismo social: a crise ética e a falta de limites do negócio do entretenimento. É preciso repensar os caminhos da TV brasileira. O telespectador não quer, por óbvio, uma TV de água benta. Quer uma programação de qualidade. Mas a qualidade não se esgota na competência técnica. Exige também responsabilidade social. A televisão brasileira precisa receber um choque de responsabilidade.

O mundo moderno é formado também por tecnologia e novas mídias, e não podemos negar à criança o acesso a essas fontes de informação. O problema começa quando o tipo de informação é levado ao público errado, no momento errado. Ou seja, quando nossos filhos são levados a receber informações inadequadas para sua faixa etária, como novelas, filmes adultos ou programas que, apesar de classificados como infantis, desrespeitam a inteligência, a sensibilidade e o nível de aprendizagem de cada criança. E nem podemos dizer que a culpa é somente da televisão, pois ela ainda não funciona sozinha: nós a ligamos ou permitimos que nossa criança vá até ela e fique ali por muito tempo.

Nem sempre as crianças estão preparadas para receber as mensagens que lhes são transmitidas. Normalmente, elas não conseguem distinguir o que é real do que é fantasia, e adoram assumir a personalidade de seus personagens favoritos, sejam eles inocentes dinossauros como o Barney ou heróis mais agressivos como os Power Rangers. As mensagens da telinha impressionam, e muito, a criança. A televisão apresenta programas em formatos que envolvem a criança com muitos estímulos, desde os visuais e auditivos até os de consumismo, muitas vezes exagerado.

E o que é pior e condenável, sem falar nos apelos para a sexualidade precoce, presente nas novelas adultas e naquelas ditas infantis ou juvenis, cujos efeitos se refletem no comportamento erotizado ou precocemente adulto de muitas crianças.

Outro aspecto a ser observado, além do tipo de programação, é a frequência com que as crianças ficam expostas à televisão. Se o tempo que elas passam em frente à TV é maior do que o contato com outras atividades, sejam elas brincadeiras ou atividades escolares, é mais um sinal de que as coisas não estão equilibradas. Excerto este copiado do texto “ a televisão e a criança” publicado na Revista Materlife; incluindo ainda este outro:”Alguns estudos relacionam o tempo que a criança assiste diariamente televisão a um atraso na aprendizagem, dizendo que quanto maior for o tempo de televisão, maior também será a falta de concentração, memorização e capacidade de raciocínio lógico na escola. O ideal é que nenhuma criança passe mais que duas horas de seu dia em frente ao aparelho.”

Tá aí, o grande mote da queima de etapa de ‘ser criança’ para a fase adolescente, razão maior dessE assassinato infantil. As brincadeiras que faziam com que a criança fosse criança não mais existem, então que a televisão se transforme para levar até a criança situações e momentos que não as deixem tornar-se adulta com queima de fases de crucial importância na formação delas.

E lembre-se: mais do que os programas favoritos, as crianças vão levar como lembranças por toda a vida os passeios, viagens, idas à pracinha ou ao parque, os teatros, músicas e livros que lhes foram apresentados. Portanto, vamos desligar a TV e passear, olhar o movimento das ruas, fazer exercícios, andar de bicicleta, jogar bola e tudo mais que torna uma criança feliz e saudável.

Obs. Ainda pendente de revisão.

Extrema, 07/01/23.

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Milton Furquim
Enviado por Milton Furquim em 07/01/2023
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