ANDE, COMO PUDER

 

Andar para frente e de forma ereta é a maneira normal de os seres humanos se locomoverem, mas nem sempre fora dessa maneira que eles se locomoviam em um passado muito distante, diferentemente de os caranguejos que, em geral, se locomovem lateralmente e, às vezes, de maneira não muito eficiente, conseguem se locomover em linha reta e para a frente, mas essa não é sua forma usual de locomoção.

Alguns humanos, em momentos específicos de sua vida, também passam a se locomover lateralmente e para trás, no sentido figurado e só voltam a andar para frente quando são alertados por outrem e, por meio de uma boa conversa, o faz retomar a sua caminhada normal, no decurso de seu dia a dia.

Outros seres humanos conseguem se locomover para trás, literalmente falando, com muita facilidade, mas nesses casos, em específico, eles foram orientados a fazê-lo à custa de longos treinamentos diários e tal destreza é estrategicamente usada durante a prática de algumas atividades esportivas.

Deixando de lado a maneira especial de o caranguejo se locomover lateralmente e a maneira específica de alguns atletas se locomoverem para trás com muita facilidade após o emprego de algum treinamento voltado para esse fim, evidentemente, a pergunta que não quer calar é a seguinte:

- Quando e como começamos a andar ereto, para frente, nos apoiando sobre duas pernas?

Creio que esta é uma pergunta muito importante e que para que ela seja respondida a contento, careceremos de um estudo mais aprofundado sobre o assunto e não seria ao longo da elaboração de uma simples crônica que iríamos fazê-lo com riquezas de detalhes.

Cientificamente falando, muitos antropólogos veem o bipedismo que, literalmente falando, significa andar sobre duas pernas, como uma das características que define os "hominídeos", ou seja, os humanos modernos e seus ancestrais. Todavia, é muito difícil dar uma resposta de forma profunda sobre tal assunto, uma vez que o bipedismo não apareceu da noite para o dia. Ele foi resultado de uma evolução gradual que começou há muitos milhões de anos.

Deixando os detalhes mais acurados que um estudo científico mostraria acerca do bipedismo e trazendo para os nossos dias o prolongado tempo que os hominídeos levaram para andar ereto e firme para a frente, apoiando-se sobre os pés, bases dos seus membros inferiores, como o fazem hoje, fica no ar outra pergunta:

- Será que no dia a dia de cada um deles, àquela época bem remota, teriam surgido alguns problemas com o mau emprego da coluna vertebral como um todo, a ponto de eles terem de andar meio curvados, por algum tempo, como se estivessem fazendo alguma continência para com os seus superiores hierárquicos?

É claro que no mundo em que ora vivemos não há vídeos que comprovem quando a primeira pessoa andou ereta e qual a dimensão da curvatura de sua espinha dorsal. Assim, como poderão os cientistas de antanho e os de agora responder com segurança acerca das perguntas relativas à verdadeira forma  como os humanos se locomoviam em um passado remoto?

Em que pese à inexistência de vídeos que mostrem uma evolução mais detalhada no caminhar do ser humano, contamos com provas obtidas através de estudos feitos com a análise de fosseis encontrados em solo africano, em especial na Etiópia, mostrando a forma dos ossos de determinada criatura que viveu naquela época.  A maneira como esses ossos se encaixam na estrutura corporal dessa criatura pode-nos contar a história de como aquele corpo se movia quando estava vivo e, desta forma, os antropólogos podem encontrar outras evidências na paisagem, por exemplo, que indicam como os povos antigos caminhavam.

Voltando àquelas criaturas humanas que, por causa da necessidade de um treinamento atlético mais estratégico, de vez em quando se locomovem para trás, para frente e lateralmente com muita facilidade, que deixam os caranguejos raízes com inveja, fica aqui uma preocupação para com aquelas criaturas humanas que por razões inexplicáveis ficam andando para trás e lateralmente, no sentido figurado, destoando das demais que se esforçam em andar eretas e para frente, não obstante as dores causadas pelas deformidades naturais de sua coluna vertebral.

Haja ortopedistas dispostos a atender prontamente seus clientes mais exigentes e, no afã de causar a diminuição de dores crônicas causadas por anomalias de caráter muscular, receitam medicamentos à base de princípios ativos como a orfenadrina, o naproxeno, o ibuprofeno, entre outros.

Se esses profissionais da saúde quiserem realmente que seus clientes demorem retornar aos seus consultórios, para pedir algum relaxante muscular mais forte, certamente irão recomendar que eles providenciem a realização de compressas quentes ou frias, seções de fisioterapia, exercícios de fortalecimento muscular, reabilitação, acupuntura e massagem/massoterapia, ou eles não farão nada disso (rs).